SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) divulgou boletins epidemiológicos com alerta para o aumento nos casos de coqueluche e febre amarela na região do continente americano em 2025. O órgão chama a atenção dos estados-membros para o reforço da cobertura vacinal e fortalecer o manejo clínico.
Hoje, a região das Américas registra 43.751 casos de coqueluche em 2024, o maior número desde 2019, puxado pelos Estados Unidos. A infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis é transmitida por meio de gotículas eliminadas na tosse, fala ou espirro
Em 21 semanas epidemiológicas de 2025, os Estados Unidos registraram 10.062 casos. Na Colômbia foram 318 casos, no Equador, 593, no México, 943, no Paraguai, 37 e no Peru, 404.
No Brasil, foram notificados 1.634 casos confirmados, incluindo cinco óbitos, em 2025. O número é o segundo maior dos últimos nove anos, ficando atrás somente do ano de 2024.
Entre os estados com casos confirmados de coqueluche, os que apresentaram o maior número foram registrados no Mato Grosso do Sul (318), São Paulo (274) e Rio Grande do Sul (234).
O grupo etário mais afetado é a de crianças menores de um ano (452) representando 27,7%, seguido pelo grupo de 1 a 4 anos (416) representando 25,5%. Os surtos identificados não incluem populações especiais, mas foram notificados, em 2025, um surto em uma creche e cinco surtos em domicílios.
Segundo a Opas, o aumento nos casos se deu pela queda no número de vacinas DTP1 e DTP3 durante os anos de pandemia de Covid. Em 2021, a região das Américas atingiu seu nível mais baixo em duas décadas, com coberturas de 87% para DTP1 e 81% para DTP3.
A queda na cobertura vacinal veio após uma diminuição dos casos de coqueluche nas Américas. Na década de 2010 a 2019, foram notificados, em média, 170.000 casos anuais da doença em todo o mundo. No entanto, entre 2020 e 2023, a média de casos anuais foi de 80.227, representando uma redução de aproximadamente duas vezes em relação ao período anterior.
O ano de 2021 marcou o menor número de casos recentes, com 29.623 casos notificados globalmente. Após a diminuição, o abandono das vacinas levou a um novo aumento no número de casos. Em 2022 foram 63.024 e em 2023, 158.910.
FEBRE AMARELA
Em 2025, até 25 de maio, foram notificados 235 casos humanos confirmados de febre amarela em cinco países da região das Américas, havendo 96 óbitos, sendo a maioria deles fora de regiões amazônicas. O risco foi considerado como “alto”, mas o número é semelhante a outros anos com o mesmo risco.
A febre amarela é uma doença hemorrágica viral aguda, com transmissão por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes.
No Brasil foram notificados 111 casos confirmados em humanos, incluindo 44 mortes. Os estados com registros foram São Paulo (55 casos, e 31 óbitos), Pará (45 casos, e sete óbitos), Minas Gerais (10 casos, e cinco óbitos) e Tocantins (um caso fatal).
Do total, 90,1% dos casos foram do sexo masculino (100). As idades variaram entre 10 e 75 anos, com início de sintomas entre 2 de janeiro e 20 de abril de 2025. Apenas um dos casos apresentou antecedente de vacinação.
Na Colômbia foram registrados 97 casos, dos quais 44 resultaram em morte. No Equador foram notificados oito casos, com seis óbitos. No Peru, 38 casos e 13 óbitos.
Segundo a Opas, o aumento se deve a um fenômeno esperado pelas autoridades: a reativação do ciclo de transmissão silvestre na bacia amazônica, onde os macacos são os principais contaminados (não são transmissores para os humanos). Os casos notificados em 2024 e 2025 surgiram em zonas consideradas de risco, mas sem registro de casos por décadas.
Essas áreas são onde as atividades humanas se cruzam com ecossistemas biodiversos, segundo o relatório. “Essas zonas oferecem as condições ideais para que os mosquitos que habitam as copas das árvores transmitam a doença às populações humanas a partir de reservatórios não humanos. A detecção de casos relacionados à transmissão silvestre próximos a centros urbanos aumenta o risco de surtos urbanos”, diz o relatório.
A Opas alerta para a necessidade de reforçar a cobertura da vacina de febre-amarela, disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).