SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Meta quer automatizar a criação de anúncios usando inteligência artificial até o fim do próximo ano. As informações são do jornal norte-americano “The Wall Street Journal”.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, disse que redefinir a criação de anúncios com IA é uma das prioridades da empresa. Durante reunião com acionistas, na semana passada, executivo falou em criar e distribuir peças publicitárias com ajuda de inteligência artificial. Basta a empresa revelar seu objetivo, dizer quanto pagariam pelo resultado desejado, conectar a conta bancária e a Meta fará o resto.
Segundo fontes ouvidas pelo Wall Street Journal, a ideia é que este sistema esteja operante até o fim de 2026. É a segunda vez que Zuckerberg cita este desejo (na primeira, o executivo comentou sobre o tema durante participação em um podcast). A diferença é que agora há uma data que este sistema seja implementado.
COMO SERIA ISSO
Marca poderia apresentar a imagem de um produto, seu orçamento e uma IA criaria o anúncio, incluindo imagem, vídeo e texto. Esse sistema, então, selecionaria os usuários do Instagram e do Facebook mais apropriados para aquele anúncio e ofereceria já um orçamento.
Planos incluiriam anúncios personalizados com IA, para que usuários recebessem variações conforme a geolocalização. Um anúncio de um veículo, por exemplo, de uma pessoa numa área urbana veria uma propaganda desse carro numa rua. Em um local em que neva, o carro apareceria em um cenário de montanha.
POR QUE IMPORTA
Anúncios representaram 97% da receita da Meta em 2024. Logo, permitir que empresas de pequeno e médio porte, com limitações de orçamento, criem anúncios de IA representa uma oportunidade de aumentar o faturamento.
Para especialista, sistema automatizado deve beneficiar empresas que atualmente não usam serviços de agência de publicidade. Carlos Paulo Jr, presidente da Abradi (Associação Brasileira de Agentes Digitais), afirmou em entrevista no mês passado que iniciativa poderia “democratizar o acesso a ferramentas de marketing” e ajudar em campanhas por desempenho.
Enquanto isso, grandes marcas estão preocupadas em ceder o controle de seus anúncios para a Meta. Ainda mais pelo fato de essas peças serem criadas com inteligência artificial, tendo a possibilidade de contarem com um visual “padronizado” demais. Fontes do Wall Street Journal dizem que criar modelos de IA únicos para cada empresa demandaria grande “poder computacional”.
Paulo Jr, da Abradi, lembra que empresas grandes têm necessidades não atendidas por IA. Ele ressalta que marcas consolidadas pensam em campanhas para brand awareness (consciência de marca, para serem “lembradas” e brand safety (segurança de marca ou proteção de reputação). Isso, diz, é um trabalho que envolve inteligência de mercado e profissionais qualificados.
Meta também planeja integrar outros sistemas de IA à sua futura plataforma. Empresas atualmente usam Midjourney e Dall-e, da OpenAI, para anúncios em plataformas digitais. Segundo o jornal norte-americano, a gigante das redes sociais considera formas de incluir sistemas de terceiros para criação de anúncios.