SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-policial militar brasileiro Antônio José de Abreu Vidal Filho, 31, foi condenado a 16 meses de prisão em um tribunal federal de Boston, nos Estados Unidos, por mentir em seu pedido de asilo em uma audiência de imigração.
Segundo o site de notícias Boston.com, Abreu Filho mentiu sobre o seu envolvimento na chamada chacina do Curió, um massacre com 11 homicídios, tentativas de homicídio e tortura física e psicológica em 2015 em Fortaleza, no Ceará.
Ao pedir um visto de visitante nos Estados Unidos, enquanto aguardava julgamento em liberdade, o brasileiro teria afirmado que nunca havia sido preso ou condenado por qualquer infração ou crime. O pedido foi aprovado e ele viajou para Miami em 2018.
Em 2020, Abreu Filho pediu asilo e mais uma vez teria garantido que nunca havia sido acusado, indiciado, preso, detido, interrogado ou encarcerado em qualquer país.
Em fevereiro de 2024, em uma audiência de imigração, ele afirmou que nunca havia mentido e que omitiu informações porque na época a condenação ainda não havia saído.
No Brasil, ele foi condenado a 275 anos e 11 meses de prisão em junho de 2023. Outros policiais também foram sentenciados. Na época da condenação, a defesa afirmou que Abreu Filho é inocente e que recorreria.
Após cumprir os 16 meses de prisão nos Estados Unidos, o ex-policial poderá ser deportado para o Brasil.
Segundo a defesa do brasileiro, ele se mudou para os Estados Unidos para acompanhar a mulher, que foi fazer um curso de pós-graduação e estudar inglês.
Ainda de acordo com a defesa, o ex-policial estava há apenas quatro meses na corporação quando houve a chacina, não possuía arma, não foi filmado durante as mortes, e teria como álibi uma multa.
A Justiça cearense afirma que a chacina do Curió é o maior caso já tratado pelo tribunal local. São 34 réus, divididos em três processos.
O massacre ocorreu nos dias 11 e 12 de novembro de 2015 em nove locais diferentes, de acordo com o Ministério Público do estado. Os 11 mortos eram todos homens e a maioria tinha menos de 18 anos. Ainda de acordo com o Ministério Público, o crime foi uma represália à morte do policial Valtermberg Chaves Serpa, após reagir a um roubo.
De acordo com a procuradoria, as vítimas dos PMs foram escolhidas aleatoriamente. Foram mortos Alef Sousa Cavalcante, 17; Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17; Francisco Enildo Pereira Chagas, 41; Jandson Alexandre de Sousa, 19; Jardel Lima dos Santos, 17; José Gilvan Pinto Barbosa, 41; Marcelo da Silva Mendes, 17; Patrício João Pinho Leite, 16; Pedro Alcântara Barroso, 18; Renayson Girão da Silva, 17; e Valmir Ferreira da Conceição, 37.