SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sete das dez delegacias paulistanas que tiveram maior aumento percentual na quantidade de furtos registrados em abril deste ano ficam na zona leste. A mesma região da capital reúne 5 dos 10 distritos policiais com maior alta de roubos no mês. Nos dois casos, a comparação refere-se ao mesmo período do ano passado.
Os registros de furtos e de roubos nesses casos não incluem os de veículos e de cargas, que são contabilizados separadamente pelo governo estadual. Eles abrangem, por exemplo, ocorrências que envolvem celular e alianças ou quando o alvo é uma residência ou um estabelecimento comercial.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou à reportagem que tem intensificado investimentos em ações de segurança com o objetivo de coibir a criminalidade em todo o estado, incluindo a zona leste da capital.
No caso dos furtos crime cometido sem violência, o 70° DP (Vila Ema) encabeçou a lista de aumento na cidade, com alta de 81% em abril deste ano. Foram 132 queixas naquele mês, contra 73 em abril do ano passado.
A cerca de seis quilômetros dali, também na zona leste, situa-se o 56° DP (Vila Alpina), terceiro colocado no ranking da capital, com 199 registros em abril deste ano contra 128 em abril do ano passado, uma alta de 55%.
Na sequência aparece o 54° DP (Cidade Tiradentes). Ali foram 160 notificações de furto em abril deste ano, 55 a mais do que no mesmo mês do ano passado (52%).
As outras delegacias da zona leste que constam do recorte de dez de distritos policiais com maior alta de furtos no período são estas: o 81º DP (Belém), o 30° DP (Tatuapé), o 55° DP (Parque São Rafael) e o 42° DP (Parque São Lucas), todos com crescimento acima de 40%.
A cidade como um todo acumulou em abril deste ano 20.883 queixas de furto, 8% a mais do que em abril do ano passado.
Ainda em relação a furtos, 60 das 93 delegacias de São Paulo apresentaram aumento no registro desse tipo de crime.
No estado como um todo a alta em abril deste ano foi de 1%, com mais de 40 mil casos.
DELEGACIAS COM MAIOR ALTA DE ROUBOS
O roubo, crime mediante o uso de violência ou ameaça, é outro que preocupa moradores da capital. Tornaram-se comuns, por exemplo, relatos e gravações que mostram criminosos em motocicletas atacando pedestres ou motoristas e passageiros dentro de veículos.
Em relação a esse tipo de crime, o 56° DP (Vila Alpina) teve o maior crescimento de roubos da cidade de São Paulo em abril deste ano (119) em comparação ao mesmo mês do ano passado (65): 83%.
O segundo distrito policial dessa lista é o 30º DP, do Tatuapé, onde o aumento foi de 81% 134 queixas registradas em abril deste ano em comparação a 74 em abril do ano passado.
Completam o top cinco das delegacias com maior crescimento de roubos em abril o 31º DP (Vila Carrão), o 42° DP (Parque São Lucas) e o 57° DP (Parque da Mooca), com alta de 56%, 32% e 28% respectivamente.
Porém, diferentemente dos casos de furtos, cujos registros subiram em mais da metade das delegacias paulistanas, os de roubo subiram em 19 das 93 espalhadas na cidade.
Em toda a capital a queda na quantidade de roubos foi de 15% (de 9.911 para 8.421), situação semelhante à observada no estado. Neste último caso, houve redução de 18% (passou de 17.002 para 13.981).
ATAQUE NA PORTA DE CASA
No último dia 26 de abril, o engenheiro Fernando Moreira dos Santos, 39, esteve na mesma situação que viu repetidas vezes em vídeos de câmeras de segurança que costuma receber nos grupos de WhatsApp da vizinhança. Ele e a mulher foram rendidos por um ladrão armado em uma moto na porta da casa da sogra, na Vila Alpina.
O criminoso, que usava mochila de um app de entrega, aproximou-se quando o casal saia do carro. “Ele mostrou a arma e pediu celular e alianças. Minha mulher jogou a bolsa dentro do carro por reflexo, mas isso irritou o bandido. Ele colocou a arma na cabeça da minha mulher e gritou que ia matá-la. Meus dois filhos que estavam dentro do carro ficaram em pânico”, conta Santos.
O ladrão foi embora na sequência levando os celulares e as alianças do casal. “Foi muito violento. Moro aqui desde que nasci e não me lembro de época com tanta gente relatando roubo e furto”, diz ele.
Reportagem da Folha em abril havia mostrado uma disparada de roubos na região.
“Não há o que comemorar na redução de indicadores quando você tem regiões, muitas delas já com vários abandonos em termos de políticas públicas, que estão sofrendo aumento expressivo de crimes patrimoniais”, disse o consultor sênior do instituto Sou da Paz, Bruno Langeani.
“É importante verificar a distribuição de efetivos e recursos para garantir que essas áreas também possam receber a atenção que precisam.”
Ao comentar os casos de abril, a Secretaria de Segurança Pública disse que a polícia também tem atuado com base em denúncias da população.
“O policiamento ostensivo e preventivo da Polícia Militar foi reforçado, especialmente em áreas com maior incidência de crimes e com base em denúncias feitas pela população. A Polícia Civil, por sua vez, atua com foco em operações e trabalho de inteligência para elucidação dos crimes”, afirmou a pasta, em nota.
Ainda de acordo com a administração estadual, é importante o registro do boletim de ocorrência, ferramenta essencial tanto para as investigações quanto para o planejamento estratégico de combate à criminalidade, além de contribuir para a ampliação da presença policial.