BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Pesquisas boca de urna não conseguem definir o vencedor do segundo turno presidencial na Polônia, disputado neste domingo (1°). Com as urnas fechadas, duas pesquisas apontaram para uma diferença inferior a um ponto percentual entre o liberal Rafal Trzaskowski, 53, prefeito de Varsóvia, e o nacionalista Karol Nawrocki, 42, um historiador antissistema que começou a campanha fazendo flexões e chegou ao Salão Oval de Donald Trump, no começo de maio.

Os números mostram vantagem numérica de Trzaskowski (50,3% a 49,7% e 50,17% a 49,83%), que quase imediatamente declarou vitória: “Este é um momento especial na história da Polônia. Estou convencido de que isso nos permitirá avançar como um torpedo”. Os institutos de pesquisa, porém, afirmam que a margem de erro dos levantamentos no fechamento das urnas é de 2 pontos percentuais. Um novo levantamento, que leva em conta votos já apurados, é aguardado para as próximas horas.

Nawrocki, por sua vez, declarou estar confiante e festejou ter unido “o campo patriótico, o campo que quer uma Polônia normal, sem imigrantes ilegais”. Segundo a autoridade eleitoral polonesa, o resultado final só será conhecido na segunda-feira (2).

Durante o dia, o comparecimento caminhava para um novo recorde em eleições presidenciais, um pouco abaixo, no entanto, do que o verificado no pleito parlamentar de 2023, que trouxe Donald Tusk de volta ao cargo de primeiro-ministro. Naquele ano, várias seções eleitorais permaneceram abertas após o horário regular de fechamento das urnas para dar conta das filas.

Sem passado político, Nawrocki foi hospedado no Lei e Justiça, o PiS, o partido do atual presidente, Andrzej Duda. No sistema político polonês, o presidente tem a capacidade de propor e vetar leis, o que tem impedido Tusk de reverter a agenda conservadora e de contornos autocráticos do PiS, que chegou a fazer com que a União Europeia bloqueasse repasses do bloco ao país.

A volta de Tusk destravou os recursos, mas sua coalizão de maioria frágil ainda não foi capaz de desfazer a reforma do Judiciário, descrita como uma afronta ao Estado de direito por analistas e pela própria UE. Não à toa, Nawrocki vendia sua candidatura como um plebiscito da administração Tusk, que foi premiê entre 2007 a 2014, com uma atuação que o alçou à presidência do Conselho Europeu.

A Polônia, potência em ascensão na Europa, conta com um Exército maior do que os de Alemanha, França e Reino Unido e o maior orçamento de defesa dos países da Otan, a aliança militar ocidenta. É a primeira barreira ao expansionismo de Vladimir Putin e seu papel de apoio à vizinha Ucrânia é considerado fundamental desde que a guerra começou, em 2022.

A eleição deste ano foi marcada também pela ascensão da extrema direita, que conseguiu no primeiro turno o melhor resultado desde a queda do comunismo. O libertário Slawomir Mentzen alcançou a terceira colocação, com 14,8% dos votos. Com promessas de zerar imposto e impedir a entrada da Ucrânia na Otan, sua votação entre eleitores até 29 anos chegou a 35%. Grzegorz Braun, declaradamente antissemita e homofóbico, conquistou 6,3%.

Trzaskowski, que liderava com folga as pesquisas de opinião antes do primeiro turno, foi surpreendido com uma margem mínima sobre Nawrocki nas urnas, 31,3% contra 29,5%. Os levantamentos à véspera do segundo turno mostravam empate técnico, com a diferença entre os dois candidatos dentro da margem de erro.