BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Pesquisas boca de urna não conseguem definir o vencedor do segundo turno presidencial na Polônia, disputado neste domingo (1°). Com as urnas fechadas, duas pesquisas apontaram para uma diferença inferior a um ponto percentual entre o liberal Rafal Trzaskowski, 53, prefeito de Varsóvia, e o nacionalista Karol Nawrocki, 42, um historiador antissistema que começou a campanha fazendo flexões e chegou ao Salão Oval de Donald Trump, no começo de maio.
Os números mostram vantagem numérica de Trzaskowski, que quase imediatamente declarou vitória em redes sociais. Os institutos de pesquisa, porém, afirmam que a margem de erro dos levantamentos no fechamento das urnas é de 2 pontos percentuais.
Segundo a autoridade eleitoral polonesa, o resultado final só será conhecido na segunda-feira (2).
Durante o dia, o comparecimento caminhava para um novo recorde em eleições presidenciais, um pouco abaixo, no entanto, do que o verificado no pleito parlamentar de 2023, que trouxe Donald Tusk de volta ao cargo de primeiro-ministro. Naquele ano, várias seções eleitorais permaneceram abertas após o horário regular de fechamento das urnas para dar conta das filas.
Sem passado político, Nawrocki foi hospedado no Lei e Justiça, o PiS, o partido do atual presidente, Andrzej Duda. No sistema político polonês, o presidente tem a capacidade de propor e vetar leis, o que tem impedido Tusk de reverter a agenda conservadora e de contornos autocráticos do PiS, que chegou a fazer com que a União Europeia bloqueasse repasses do bloco ao país.
A volta de Tusk destravou os recursos, mas sua coalizão de maioria frágil ainda não foi capaz de desfazer a reforma do Judiciário, descrita como uma afronta ao Estado de direito por analistas e pela própria UE. Não à toa, Nawrocki vendia sua candidatura como um plebiscito da administração Tusk, que foi premiê entre 2007 a 2014, com uma atuação que o alçou à presidência do Conselho Europeu.
A Polônia, potência em ascensão na Europa, conta com um Exército maior do que os de Alemanha, França e Reino Unido e o maior orçamento de defesa dos países da Otan, a aliança militar ocidenta. É a primeira barreira ao expansionismo de Vladimir Putin e seu papel de apoio à vizinha Ucrânia é considerado fundamental desde que a guerra começou, em 2022.
A eleição deste ano foi marcada também pela ascensão da extrema direita, que conseguiu no primeiro turno o melhor resultado desde a queda do comunismo. O libertário Slawomir Mentzen alcançou a terceira colocação, com 14,8% dos votos. Com promessas de zerar imposto e impedir a entrada da Ucrânia na Otan, sua votação entre eleitores até 29 anos chegou a 35%. Grzegorz Braun, declaradamente antissemita e homofóbico, conquistou 6,3%.
Trzaskowski, que liderava com folga as pesquisas de opinião antes do primeiro turno, foi surpreendido com uma margem mínima sobre Nawrocki nas urnas, 31,3% contra 29,5%. Os levantamentos à véspera do segundo turno mostravam empate técnico, com a diferença entre os dois candidatos dentro da margem de erro.