SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Reino Unido deve estar pronto para lutar e vencer uma guerra contra Estados militarmente fortes, afirmou neste domingo (1º) o primeiro-ministro do país europeu, Keir Starmer, ao comentar um plano para construir pelo menos seis novas fábricas de armas e explosivos com 1,5 bilhão de libras (US$ 2 bilhões ou R$ 11,5 bilhões).

O alerta de Starmer ocorre na véspera da publicação de uma revisão das capacidades militares britânicas e um dia depois de seu governo anunciar os planos de gastos. O pano de fundo é a Guerra da Ucrânia, a maior em solo europeu desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e a instabilidade na parceria com os Estados Unidos desde o retorno à Casa Branca de Donald Trump, um crítico de gastos militares em órgãos multilaterais.

“Estamos sendo diretamente ameaçados por Estados com forças militares avançadas, então devemos estar prontos para lutar e vencer”, escreveu Starmer em um artigo para o jornal The Sun publicado neste domingo. O político cita como exemplos a invasão da Ucrânia pela Rússia, a cooperação de Moscou com o Irã e a Coreia do Norte.

O programa de investimento, que eleva o gasto com munições da atual legislatura para cerca de 6 bilhões de libras, havia sido anunciado neste sábado (31). Segundo o Ministério da Defesa britânico, o investimento permitirá a fabricação de 7.000 armas de longo alcance e criará cerca de 1.800 empregos.

A estratégia é ter uma capacidade de produção que “facilite o aumento rápido da produção, se necessário”, e criar “as bases industriais para um aumento das reservas de munições destinadas a responder à demanda de uma guerra a ritmo elevado”, segundo comunicado da pasta.

“Reforçaremos a base industrial do Reino Unido para melhor dissuadir nossos adversários e para que o país seja mais seguro internamente e mais forte no exterior”, declarou o ministro da Defesa, John Healey, citado no comunicado. “As duras lições surgidas da invasão ilegal da Ucrânia por Vladimir Putin mostram que um Exército não é forte se a indústria que o apoia também não é forte.”

Em entrevista à BBC neste domingo, Healey descreveu o programa como “uma mensagem para Moscou”, bem como uma forma de estimular a economia estagnada do país.

A Revisão Estratégica de Defesa, documento encomendado pelo governo de Starmer logo após sua ascensão ao poder, em julho do ano passado, apresentará nesta segunda as ameaças que o Reino Unido enfrenta e os equipamentos e serviços militares necessários para encará-las.

Segundo o jornal britânico The Guardian, o documento, escrito sob a liderança do ex-secretário-geral da Otan George Robertson, afirma ainda que o Reino Unido enfrenta “uma nova era de ameaças”, com o aumento do uso de inteligência artificial, drones e outras tecnologias que mudam a natureza dos conflitos. O texto também descreve também a Rússia como um perigo “imediato”, enquanto a China é apresentada como um “desafio complexo e sofisticado”.

Em fevereiro, Starmer se comprometeu a aumentar os gastos com defesa dos atuais 2,3% do PIB para 2,5% até 2027. A ambição da gestão trabalhista é atingir 3% do PIB durante a próxima legislatura, ou seja, depois de 2029.

O governo já anunciou um plano de 1 bilhão de libras (R$ 7,7 bilhões de reais) para investir em inteligência artificial, que pode ser usada para aprimorar a tomada de decisões no campo de batalha, e se comprometeu separadamente a investir mais 1,5 bilhão de libras em moradia para as Forças Armadas do país.