SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando Os Paralamas do Sucesso anunciaram o show no Allianz Parque, em São Paulo, o guitarrista Herbert Vianna disse que gostaria de ouvir milhares de pessoas cantando os clássicos da banda e celebrar com eles os 40 anos de estrada. E assim foi como se ele tivesse feito uma profecia. Na noite deste sábado, (31), 50 mil pessoas, segundo os organizadores, lotaram o estádio, cantaram, dançaram e se emocionaram ao som de músicas que atravessam gerações.
O show começou com “Vital e Sua Moto”, canção que foi o primeiro sucesso da banda lançada inicialmente em um compacto, em 1983. Depois veio “Cinema Mudo”, do álbum homônimo lançado no mesmo ano. Mas engana-se quem pensa que repertório seguiu a lógica da discografia ou dos sucessos da banda.
Em uma linha do tempo não linear, Bi Ribeiro (baixo), Herbert Vianna (guitarra e voz) e João Barone (bateria) tocaram com o mesmo vigor e disposição do início de carreira os mais variados sons que forjaram ao absorver expressões musicais e criar o seu próprio estilo: nem só rock nem só reagge nem só ska e nem só baladas. Quem foi ao show no Allianz pôde apreciar de tudo um pouco. Mas não foi pouco.
A apresentação teve quase o mesmo repertório dos shows que já vinha fazendo desde do fim da pandemia, em meados de 2022, quando iniciou a turnê Paralamas Clássicos. A diferença ficou por conta da nova apresentação visual, assinada por Batman Zavareze, que trouxe mais cor, luz e imagens para acompanhar as músicas.
Nos telões, fotografias mostravam o trio nos palcos e nos estúdios com diversos músicos com os quais fizeram parcerias e em momentos de descontração da equipe técnica dos Paralamas, além de uma homenagem carinhosa à vovó Ondina, avó de Bi, eternizada na canção homônima.
Após saudar a plateia e se dar conta de que estava diante de seu maior público em uma apresentação só dos Paralamas, Herbert agradeceu a todos pela noite histórica. Foi o primeiro show único da banda -sem contar festivais- em um estádio. “Obrigado por terem nos dado a chance de dividir este momento com vocês”, disse.
Após “Trac Trac”, do argentino Fito Paez, Paralamas apresentou seu lado mais roqueiro e crítico social com “O Calibre” e “Selvagem”. Lançada em 2002 no álbum “Longo Caminho”, os versos da música “O Calibre” ainda soam atuais quando dizem “Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo / Sem saber o calibre do perigo / Eu não sei da onde vem o tiro”.
Entre as canções confessionais de um amor perdido, a banda trouxe de volta ao repertório “Quase Um Segundo”, tocada apenas com Herbert na guitarra e João Fera nos teclados em um momento mais intimista. Na levada de toadas românticas também entraram “Seguindo Estrelas”, “Romance Ideal” e “Aonde Quer Que eu Vá”.
Um dos momentos mais marcantes do show ficou para “Lanterna dos Afogados”. Atendendo ao pedido de Herbert, o público acendeu as luzes de seus celulares e o estádio então se transformou em um céu estrelado. “Sem palavras, rapaziada”, disse Herbert, encantado com o que via diante de seus olhos.
O show também teve seu momento mais reagge com “O Amor Não Sabe Esperar”, “A Novidade” -composta em parceria com Gilberto Gil- e “Melô do Marinheiro”, que a plateia se divertiu cantando o refrão: “Entrei de gaiato no navio / Entrei pelo cano”.
Mas foi em “Alagados” que os Paralamas colocaram o Allianz para dançar. E ainda teve no repertório as também dançantes “Lourinha Bombril”, “Ela Disse Adeus” e “Uma Brasileira”.
Na volta para o bis, foi a vez de João Barone agradecer ao público. “Vocês foram longe demais hoje. Vamos levar essa noite para o resto de nossas vidas”, afirmou. E foi então que eles fizeram todo o estádio cantar em coro um dos maiores clássicos da banda: “Meu Erro”.
Para finalizar, Herbert chamou ao palco Dado Villa-Lobos e André Frateschi, que fizeram o show de abertura. Juntos, tocaram “Que País É Este”, da Legião Urbana, e mais uma vez o público fez coro com a banda. E como estivessem todos num grande salão de baile, Paralamas encerrou a celebração com “Should I Stay or Should I Go”, do The Clash.
O público até entendeu que deveria ir, mas o que todos queriam mesmo eram ficar para continuar a celebrar. E vai, só que em outro dia e local. Com o sucesso da show de celebração dos 40 anos no Allianz, Paralamas já anunciou um show extra para o dia 24 de outubro, no Espaço Unimed.
A banda ainda fará shows para celebrar os 40 anos no Rio de Janeiro (7 de junho), Porto Alegre (28 de junho), Fortaleza (26 de julho), Belo Horizonte (30 de agosto) e Salvador (23 de novembro).