SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nessa sexta-feira (30) o empresário Mario Adler, 86, responsável por tornar a Brinquedos Estrela a principal empresa de brinquedos do país. A causa da morte não foi revelada.

Adler presidiu a empresa até 1993, depois de ficar mais de 30 anos à frente dos negócios. A Estrela foi fundada por seu pai, o alemão Siegfried Adler, que em 1937 comprou uma pequena fábrica de bonecas de pano e carrinhos de madeira localizada no Belém, bairro da zona leste de São Paulo.

De um negócio pacato, a indústria se tornou a maior empresa do setor nas décadas seguintes, principalmente a partir do empenho de Mario. Mas, com a abertura de mercado para produtos estrangeiros no início dos anos 1990, perdeu espaço para os importados da China.

Mario foi também o responsável por tornar o Dia das Crianças uma data comercial. Em uma entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, ele contou que a intenção com a criação da data era reduzir a dependência do comércio em relação ao Natal. A ideia inicial, afirmou, era comemorar a data no primeiro semestre, mas uma lei criada pelo ex-presidente Arthur Bernardes em 1924 fixava 12 de outubro como o dia dos pequenos.

“Acreditávamos que seria uma ação de marketing interessante para incrementar os negócios, mas não tínhamos a menor noção da importância que iria adquirir com o tempo”, disse ao jornal em 2017.

Mario vendeu a empresa em 1996, quando ela já estava em dificuldades. O comprador foi Carlos Tilkian, então presidente da companhia. Desde então, dedicou-se ao trabalho filantrópico no hospital Albert Einstein, como representante em São Paulo da Universidade de Tel Aviv e na Congregação Israelita Paulista.

“Não carrego mais o fardo da disputa acirrada pelo mercado”, disse ele à Folha ainda em 1999. “Pela minha idade quando vendi a empresa, não ia me aposentar, mas sim reorganizar a minha vida, com mais tempo para projetos pessoais.”

Por meio de nota, a Congregação Israelita Paulista manifestou profundo pesar pelo falecimento de Mario, que presidiu a instituição de 1996 a 2000. “Mario Adler dedicou-se com compromisso, generosidade e visão à vida comunitária judaica e ao fortalecimento da CIP como uma casa plural, acolhedora e fiel aos valores judaicos de ética, estudo e justiça social”, escreveu.

“Durante sua gestão, contribuiu para o desenvolvimento institucional da nossa Congregação, sempre pautado pelo espírito de serviço, diálogo e construção coletiva. Neste momento de tristeza, expressamos nossa solidariedade à sua família e amigos, e registramos nosso reconhecimento pelo legado que deixa na história da CIP e da comunidade judaica brasileira. Que sua memória seja uma bênção. Que o seu legado, um exemplo comunitário”, acrescentou.

Já a Conib (Confederação Israelita do Brasil), da qual também foi diretor, afirmou em nota que Mario foi um empresário incansável em sua atividade, líder comunitário e figura de grande destaque também na filantropia.