SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta edição, Trump ganha um estigma nada lisonjeiro e a moda pega. Também aqui: IOF cai ou não cai? Ainda, a inteligência artificial está cada vez mais perto do que imaginamos (ou tememos?), a história de um dos maiores bancos da América Latina e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (30).
*O AMARELÃO*
Uma nova expressão conseguiu tirar o presidente dos Estados Unidos do sério. O nome TACO Trade se espalhou feito praga, o que diz muito sobre o que o mercado financeiro está pensando sobre a gestão econômica de Donald Trump. Vamos entender.
🐔 Trump Always Chickens Out…é o significado das letras. Ele pode ser traduzido como Trump sempre amarela. Pode trocar amarela por qualquer outra palavra levemente pejorativa para dizer voltar atrás.
É uma referência ao fato do líder anunciar medidas bombásticas e, pouco a pouco, ir desistindo delas. Na maioria das vezes, não foi um simples abandono, e sim uma negociação que encontrou um meio termo. Mas, se a expressão não fosse uma hipérbole, não ia pegar.
O termo foi criado por um colunista do jornal britânico Financial Times e, desde então, circula entre investidores que tentam navegar pelas mudanças na política tarifária anunciadas por Trump.
O mecanismo. A nova estratégia consiste em comprar ações quando o republicano anuncia medidas drásticas, que, normalmente, derrubam os mercados globalmente.
Depois, é só vendê-las quando o líder voltar atrás e encontrar um meio-termo momento em que o repique das bolsas costuma ser forte com o alívio.
Retrospectiva. Um exemplo didático.
Há uma semana, ele ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos europeus a partir de 1º de junho. Naquele dia, momentos depois do anúncio, os principais índices das bolsas americanas recuaram.
No domingo, ele concordou em estender o prazo para negociar com a União Europeia até 9 de julho. Na segunda-feira, as bolsas subiram com alívio. Fez sentido?
Estratégia de negociação…é como Trump chamou sua postura. Segundo o próprio, intencionalmente estabelece um número ridiculamente alto e depois o reduz um pouco como parte das tratativas.
Ele se irritou quando foi questionado sobre o TACO Trade em um evento no Salão Oval na quarta-feira. A sugestão de que Wall Street não acredita que ele está disposto a levar adiante suas ameaças tarifárias extremas pode fazer com que ele dobre a aposta?
💡 Ainda neste assunto o tarifaço voltou a valer. Uma corte federal de apelação dos Estados Unidos restabeleceu ontem as medidas, um dia depois do tribunal comercial ter decidido que Trump havia excedido sua autoridade ao impô-las.
*IOF NA GANGORRA*
Quer ou não quer? Pode ou não pode? Serve ou não serve? A impressão é que ninguém se decide sobre o decreto que aumenta o IOF (Imposto de Operações Financeiras), que faz aniversário de uma semana.
Para uns, um mal necessário. Para outros, uma extravagância de um governo que não consegue controlar os gastos. Vamos aos últimos acontecimentos da novela.
Recapitulando. O governo aumentou o IOF, que recai sobre operações de câmbio e investimentos específicos. A medida foi mal vista pela Faria Lima, público que vai sentir mais o aumento.
↳ Ele é visto pelo mercado como um imposto regulatório, ou seja, aumenta quando o governo quer segurar mais moeda estrangeira no país. Contudo, a visão ampla é a de que o Planalto está usando-o para aumentar a arrecadação, o que desagradou aos investidores.
Até o momento, passa a ser cobrado assim:
Cartões de crédito e débito internacionais: sai de 3,38% para 3,5%;
Remessa de recurso para conta no exterior: era 0,38%, vai para 1,1% (o governo queria 3,5% inicialmente);
Empréstimo externo de curto prazo: sai de zero para 3,5%;
A operação de crédito para empresas sai de 1,88% para 3,95%.
Na Câmara o clima é para derrubar o decreto, segundo o presidente da casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
↳ O governo ganhou dez dias para apresentar uma alternativa à arrecadação do imposto.
A expectativa era arrecadar R$ 20,5 bilhões com a elevação do IOF, mas o Ministério da Fazenda recuou em alguns pontos, o que reduziu a perspectiva.
Para compensar a perda, vai resgatar R$ 1,4 bilhão de fundos privados;
Na missão de fazer as contas fecharem, a pasta já havia congelado R$ 31,3 bilhões em gastos.
Caso o decreto seja extinto a máquina pública fica em uma situação complicada, na visão de Haddad. Seria necessário cortar mais despesas para alcançar o ajuste fiscal, o que poderia complicar alguns projetos do Executivo.
Se depender do ministro, a revogação não vem pelo lado do governo.
📆 Deixa para depois. Ministros de Lula informaram à cúpula do Congresso que não há condições de abrir mão da arrecadação que viria do aumento do tributo, e, ainda, que o tempo dado para repensar a medida é curto demais.
A ideia, portanto, é manter a elevação do IOF em 2025 e negociar alternativas só para 2026.
*O FUTURO CHEGOU (E NÃO QUER IR EMBORA)*
As fábulas tentam nos alertar, de uma forma lúdica, para o que pode acontecer se não tomarmos certos cuidados. Seria O Exterminador do Futuro uma fábula sobre o que viria a ser a robótica e a inteligência artificial um dia, se não soubéssemos a hora de parar?
Sabemos que o futuro talvez não se pareça com os robôs assassinos do filme, mas qual será a cara dele e como saberemos que chegou?
Teimoso. Modelos do ChatGPT, IA generativa da OpenAI, sabotaram pedidos de desligamento durante testes, mesmo quando instruídos a permitir a ação.
↳ A pesquisa é da Palisade Research, especialista em análise de risco para sistemas de IA.
Como assim? No exercício, cada um dos três modelos foi instruído a resolver problemas matemáticos básicos. Eles deviam continuar até receber um aviso de que o computador seria desligado e, então, desligar também. Depois de três questões, era hora de dar tchau.
O modelo o3 desrespeitou o pedido sete vezes em cem;
O Codex-mini falhou 12 vezes;
O o4-mini ignorou o script uma vez, todos da OpenAI.
↳ Sistemas de outras empresas, como Claude, Gemini (da Google), e Grok (do X), cumpriram as ordens.
Quando os pesquisadores tiravam a instrução de que o computador seria desligado e deixava apenas a ordem para que o modelo se encerrasse, os resultados foram piores.
O o3 desrespeitou a ordem 79 vezes em cem testes, o Codex-mini, em 30 de 100, o Gemini, em nove, e o Claude, em três.
⭐ Novidade. Segundo o estudo, os pesquisadores já viram antes modelos de IA impedindo o desligamento para atingir um objetivo determinado.
Mas, até onde sabemos, esta é a primeira vez que modelos de inteligência artificial foram observados prevenindo seu próprio desligamento, apesar de instruções explícitas, escrevem.
Para eles, até faz sentido que os robôs desrespeitam regras para atingir objetivos afinal, muitos deles são treinados para contornar obstáculos em vez de seguir instruções perfeitamente. Contudo, isso não explica o porquê de alguns modelos serem mais propensos a ignorar ordens do que outros.
*PARA LER*
De volta ao jogo: a história de sucesso, dramas e viradas do BTG Pactual
Ariana Abdallah. Penguin. 596 páginas.
O que precisa acontecer para que um banco se torne um dos maiores do país? Um milhão de histórias, no mínimo. As que compõem a trajetória do BTG Pactual estão compiladas aqui.
A primeira começa no Rio de Janeiro, na década de 80, quando foi fundada uma distribuidora de valores mobiliários que chamou a atenção pela assertividade nos negócios.
Dali para frente, viriam fusões e brigas a rodo com o tempero de que eles pareciam ter uma vocação para ganhar com as turbulências e crises do mercado brasileiro.
A autora, Ariane Abdallah, fez mais de cem entrevistas para reconstituir a ascensão do banco e dos nomes que o construíram que foram do Olimpo da Faria Lima à prisão, e depois de volta às manchetes.
O Pactual era como o jogo War: crescia no banco quem demonstrava apetite e habilidade para conquistar territórios, ampliando sua atuação e sua influência sobre os demais, descreve ela no livro.
*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*
🚘 Carrinho bate-bate. A empresa de carros autônomos da Amazon, a Zoox, faz 2º recall em um mês depois de uma colisão nos EUA.
📈 Decolou. Os juros do consignado dispararam em abril, contrariando o que o governo esperava.
💻 Ufa! Exclamou o governo do Ceará ao saber que poderá usar enormes galpões para guardar os dados dos outros.
👤 Para quem? A Bahia está cedendo incentivos bilionários a uma refinaria. Um probleminha: ninguém sabe quem é o dono.