O mês de abril trouxe uma boa notícia para as finanças públicas: o governo federal fechou com superávit primário de R$ 17,8 bilhões, conforme anunciou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira (29). Esse foi o melhor desempenho fiscal para o mês nos últimos três anos, revertendo o cenário negativo de abril de 2024, quando houve déficit de R$ 12,22 bilhões (valores ajustados pela inflação).
O superávit primário representa uma sobra de receitas sobre despesas do governo — excluindo os juros da dívida pública — e indica maior controle das contas. Esse resultado foi impulsionado principalmente pelo crescimento expressivo na arrecadação. A receita líquida, já descontadas as transferências para estados e municípios, teve alta real de 10,9% e chegou a R$ 212,7 bilhões. Enquanto isso, as despesas somaram R$ 194,4 bilhões, subindo 8,2% em termos reais.
Essa melhora no caixa também reflete os efeitos da sanção tardia do Orçamento da União, ocorrida apenas em abril, o que restringiu os gastos discricionários nos primeiros meses do ano.
Resultado no quadrimestre dobra e reforça meta de zerar déficit
De janeiro a abril de 2025, o governo já acumula superávit primário de R$ 72,4 bilhões — mais que o dobro do saldo de R$ 31,8 bilhões registrado no mesmo período de 2024. O desempenho é o melhor desde o primeiro quadrimestre de 2022, quando o saldo chegou a R$ 92,6 bilhões.
No total acumulado do ano, a receita líquida atingiu R$ 789,3 bilhões (aumento real de 3,3%), enquanto as despesas foram de R$ 716,9 bilhões (queda real de 1,9%). Parte desse avanço se deve à reorganização dos pagamentos de precatórios, que ficaram concentrados em fevereiro e somaram R$ 30,8 bilhões — ao contrário de 2024, quando foram mais pesados nos primeiros meses.
Desafio de 2025: equilíbrio fiscal sem perder a mão
A meta da equipe econômica para 2025 é ambiciosa: zerar o déficit primário, que foi de R$ 43 bilhões em 2024. Pela nova regra do arcabouço fiscal, ainda é permitido um pequeno déficit de até 0,25% do PIB (aproximadamente R$ 31 bilhões), sem que isso represente descumprimento da meta oficial. Além disso, os R$ 44,1 bilhões destinados ao pagamento de precatórios não entram nesse cálculo.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, reforçou o compromisso com o equilíbrio fiscal, destacando que há discussões em curso sobre controle de despesas, tanto de curto quanto de longo prazo. “Esse mix será debatido pela equipe econômica”, afirmou Ceron, sinalizando que o governo está atento à sustentabilidade das contas públicas em meio aos desafios do crescimento e da responsabilidade fiscal.