SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os ataques violentos em escolas brasileiras estão concentrados nos últimos anos. O mapeamento aponta que dos 42 casos registrados desde 2001, 64,28% ocorreram depois de março de 2022.

O levantamento “Ataques de violência extrema em escolas do Brasil” é conduzido pelas pesquisadoras Telma Vinhas e e Cléo Garcia, ambas do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da Unicamp (Universidade de Campinas).

A atualização do material com os dados de 2024 foi divulgada nesta quinta-feira (29).

O estudo mostra que no ano de 2022 o país registrou 10 ataques nas unidades de ensino. Em 2023 foram 12 episódios. O número apresentou uma queda no ano passado, com 5 casos.

“Embora o número de ataques consumados tenha diminuído em 2024, muitos outros foram identificados e interrompidos antes de sua execução -o que revela que, como sociedade, ainda não conseguimos lidar plenamente com a complexidade desse fenômeno”, dizem as autoras do mapeamento.

Dos ataques registrados, 78,57% deles foram ativos, ou seja, tinham a intenção de atingir indiscriminadamente o maior número de pessoas, e 21,42% foram direcionados, neste caso os agressores tinham um alvo em específico.

São Paulo lidera o número de ocorrências, com 10 casos, seguido pelo Rio de Janeiro e pela Bahia, ambos com 5. Ao todo, 17 unidades da federação já registraram algum ataque em escolas no período analisado.

O levantamento utilizou como base para o mapeamento os casos de violência cometidos de forma deliberada por estudantes e ex-estudantes das instituições de ensino de educação básica. Os atos, diz o texto do relatório, envolvem o planejamento e o uso de armamento.

Excluindo os suicídios dos autores dos crimes, das 38 mortes registradas, 94,73% delas foram causadas por uso de armas de fogo.

“São motivados por ressentimentos, preconceitos, discriminação, racismo, misoginia, intolerância, entre outros, e caracterizados como crimes de ódio e/ou movidos por vingança”.

Outro número que chama a atenção no mapeamento é a idade dos autores dos crimes. Quase 80% deles tinham menos de 18 anos quando cometeram o ataque.

Dos 45 autores de ataques violentos nas escolas brasileiras identificados desde 2001, alguns deles cometidos em dupla, apenas uma autora do crime era do sexo feminino.

A maioria dos ataques, 81,39%, ocorreram em regiões nos quais o nível socioeconômico das famílias dos estudantes é declarado como médio e alto.

Em um dos últimos casos registrados, uma estudante de 19 anos atirou em um colega na Escola Estadual Berilo Wanderley, em Natal (RN). O caso ocorreu em dezembro do ano passado. Após audiência de custódia no dia seguinte ao crime, ela teve a prisão preventiva decretada pelo juiz de plantão.