O Brasil deixou de ser o país mais complexo do mundo para se fazer negócios, caindo da primeira para a sexta posição no Índice Global de Complexidade de Negócios 2025 (GBCI), elaborado pela TMF Group. A 12ª edição do estudo, que analisa 79 jurisdições responsáveis por 94% do PIB mundial e 95% do investimento estrangeiro direto, revela avanços importantes — mas também mostra que há um longo caminho a percorrer.

Segundo Maurício Catâneo, Country Head da TMF Group no Brasil, os esforços de modernização como a digitalização de processos e o uso crescente de tecnologia têm criado um ambiente empresarial mais dinâmico. No entanto, ele alerta: “Essas melhorias são positivas, mas não suficientes por si só.”

A estrutura tributária brasileira continua sendo um dos maiores entraves. A coexistência de regras federais, estaduais e municipais, combinada à exigência de conformidade com normas internacionais como IFRS e US GAAP, torna o cenário ainda mais complicado. “Apesar dos avanços, o sistema continua custoso e burocrático”, afirmou Catâneo em entrevista à Veja.

Por outro lado, o Brasil tem investido em infraestrutura para tornar seus corredores logísticos mais eficientes, com melhorias em estradas, portos, aeroportos e ferrovias. No campo tecnológico, ferramentas de compliance automatizado, relatórios eletrônicos e monitoramento em tempo real têm auxiliado empresas a operar com mais precisão e segurança — embora essas soluções também tragam desafios técnicos, como a integração e conciliação de dados.

No mercado de trabalho, o país passou por uma adaptação significativa. O modelo híbrido já é padrão em centros urbanos e setores de serviço. Mesmo assim, a inflação salarial e a dificuldade de reter talentos têm levado companhias a explorar modelos de trabalho mais flexíveis e contratações remotas como resposta.

Em 2025, as jurisdições mais complexas para se fazer negócios, além do Brasil, incluem Grécia, França, México, Turquia, Colômbia, Itália, Bolívia, Cazaquistão e China. Na outra ponta, os destinos mais simples são Ilhas Cayman, Dinamarca, Nova Zelândia, Hong Kong, Jersey, Holanda, Jamaica, Ilhas Virgens Britânicas, Curaçao e República Tcheca.

A posição do Brasil no ranking mostra uma melhora, mas também reforça que os obstáculos para empreender e atrair investimentos ainda são consideráveis — especialmente em áreas como tributação, contabilidade e gestão de talentos.