SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – BTG negou várias vezes, mas acabou negociando com Daniel Vorcaro, chefe do Banco Master, gripe aviária insiste em aparecer nas notícias e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (28).

**A HISTÓRIA SEM FIM**

As histórias boas nunca acabam, essa é a graça delas. Um exemplo destas é a negociação entre Banco Master (e seu CEO), BTG Pactual e BRB. Nesta terça-feira (27), vimos um novo capítulo.

O banqueiro à frente do Master, Daniel Vorcaro, fechou uma negociação com o BTG Pactual, de André Esteves, para a venda de ativos no valor de cerca de R$ 1,5 bilhão.

Recapitulando. O BRB (Banco de Brasília) anunciou a compra de 58% da instituição de Vorcaro. Esperto que é, escolheu a parte saudável dos investimentos e deixou a polêmica para o mercado –entre eles precatórios, além dos pagamentos de rendimentos altíssimos no CDB.

Essa segunda parte causou um bafafá sobre o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e como ele deve ser usado, que você confere aqui.

CAPÍTULO DE HOJE

O BTG compra ações de empresas como a Light (15,17% do capital social) e a Méliuz (8,12%), por meio da cessão de cotas de fundos de investimento. Ainda, envolve precatórios e imóveis, como o prédio do Hotel Fasano, em São Paulo.

Destaque para o fato de que tudo foi adquirido de Vorcaro, e não do banco que lidera.

O banco diz que a operação não envolve qualquer participação societária no Master ou em empresas relacionadas ao conglomerado de Vorcaro.

REPETECO

O nome de André Esteves e do BTG foram ventilados algumas vezes durante o pico das discussões sobre o assunto. A hipótese era que o investidor estaria interessado na carteira de precatórios da instituição adquirida pelo BRB. Ele negou repetidas vezes a vontade de entrar no negócio.

Há duas semanas, Renato Hermann Cohn, diretor de relações com investidores do BTG, disse que o banco não tinha interesse algum “em ativos específicos ou negócios do Banco Master”.

Com o negócio desta semana, a possibilidade da compra dos papéis vistos como de menor qualidade que não serão absorvidas pelo banco brasiliense volta à cena.

SOB ESCRUTÍNIO

Vorcaro e outras pessoas enfrentam um processo na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre supostas irregularidades em um fundo imobiliário fechado, chamado Brazil Realty.

Um dos imóveis envolvidos teria sido sobreavaliado em R$ 56 milhões em laudo considerado irregular, supostamente pago com R$ 5.000 em espécie. Entre os acusados estão o banqueiro, como responsável pelo antigo Máxima, que comprou cotas do fundo, e seu pai Henrique, como responsável pela Milo, que também investiu no Brazil Realty.

**VAI E VOLTA**

Uma epidemia funciona mais ou menos como uma vela teimosa de aniversário: quando você acha que conseguiu apagá-la, ela acende de novo.

A situação da gripe aviária no Brasil parecia ter chegado a um final satisfatório: um contágio restrito a uma região específica. O foco foi solucionado e a história deveria acabar aí.

Mas…o governo de Minas Gerais anunciou nesta terça-feira a decretação de estado de emergência ao registrar um caso da doença num pássaro ornamental na região metropolitana de Belo Horizonte.

O primeiro caso em uma granja comercial foi confirmado no último dia 16, em Montenegro, no Rio Grande do Sul.

Não é a primeira vez. Há dois anos, um pato de vida livre foi diagnosticado com o vírus H5N1.

E AGORA?

A situação não parece (foco na palavra “parece”) ser tão grave assim. O contágio se deu devido à passagem de aves migratórias, segundo Mateus Simões, vice-governador de MG.

“Não há nenhum risco do consumo de aves ou de ovos”, lembrou.

Até o momento, não há comprometimento da produção avícola do estado, de acordo com a secretaria.

O problema seria grande se a infecção tivesse acontecido dentro de uma granja comercial, como o que aconteceu no outro estado. Isto colocaria o país em estado de alerta –uma vez que a doença teria se espalhado para outros estados– e prejudicaria (mais as exportações).

Por isso…o Brasil ainda está no período de “vazio sanitário”, um prazo de 28 dias sem novos focos que, se cumprido, demonstra que o país está livre da doença de novo.

Enquanto isso…o governo federal e estadual gaúcho trabalharam nos últimos dias em duas frentes.

[1] Conter o vírus em Montenegro e arredores. Rolou uma limpeza geral da granja onde os primeiros casos foram identificados, o que significa a eliminação de materiais e aves contaminadas ou em risco de contaminação. As propriedades em um raio de 10 km também foram vistoriadas e estão em monitoramento. Até o dia 23 de maio, 8.747 aves foram eliminadas.

[2] Negociação com o exterior…para que retomem ou não cessem a compra de carne de frango brasileira pelo ocorrido. Até o momento, 46 países têm algum tipo de bloqueio das importações da carne.

↳ A exportação da commodity caiu 1,5% em maio no acumulado até a quarta semana do mês.

**INFLAÇÃO LÁ EMBAIXO (?)**

Falar de inflação é espinhoso. Afinal, todo mundo sente no bolso quando as contas apertam –e é difícil entender como um número pode indicar um recuo do indicador quando parece que os gastos não fecham mais no fim do mês.

Um indicador é uma foto daquele momento, nem antes e nem depois. Ele só ganha sentido dentro de um contexto. A última fotografia divulgada é o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15), que veio mais leve do que o esperado.

OLHA O PASSARINHO

A inflação medida pelo índice desacelerou a 0,36% em maio, depois de marcar 0,43% em abril, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado ficou abaixo do piso das projeções do mercado financeiro. O intervalo das estimativas ia de 0,38% a 0,53%, com mediana de 0,44%. Quem faz a projeção é a Bloomberg (falamos dela na semana passada aqui na newsletter).

No acumulado de 12 meses, desacelerou a 5,4%. O resultado anterior foi de 5,49%.

QUASE NADA

A taxa é a menor para meses de maio em cinco anos, ou seja, desde 2020 –quando estávamos no olho do furacão da pandemia e o índice registrou -0,59%.

Vale lembrar que o IPCA-15 registra a variação dos preços, e não eles em si. Isso significa que os produtos estão nos preços mais baixos para o mês de maio, e sim que as etiquetas aumentaram menos em relação aos outros anos.

É bom ou ruim? “Muito bom”, na leitura do economista Lucas Barbosa, economista da AZ Quest.

A trégua, contudo, não significa que a dinâmica de inflação tenha mudado, já que o dado segue longe do teto da meta, 4,5%.

↳ O objetivo da Fazenda e do Banco Central é terminar o 2025 com uma inflação de 3% ao ano, com margem de 1,5% para cima ou para baixo.

“A gente começa a ver, com esse número de hoje [terça], uma luz no fim do túnel, mas é um quadro de inflação ainda muito pressionado”, disse.

Quem subiu e quem desceu. Dos nove grupos de bens e serviços pesquisados pelo IGBE, dois recuaram: os transportes (-0,29%) e artigos de residência (-0,07%).

– As passagens aéreas caíram (-11,18%). O preço delas costuma variar bastante.

– As roupas ficaram mais caras (0,92%), assim como a saúde e cuidados pessoais (0,91%) e habitação (0,67%).

– O que pressionou o grupo da habitação foi a adoção bandeira amarela, que aumentou a cobrança da conta de luz.

– O tomate, o arroz e as frutas ficaram mais baratas, enquanto a batata-inglesa e o café encareceram.

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Três batidinhas na porta. Quem é? O MPT (Ministério Público do Trabalho)! E a BYD não ficou feliz em ter aberto.

O MPT ingressou ontem com uma ação civil pública na Justiça do Trabalho contra a montadora chinesa e duas empresas terceirizadas que atuavam na construção da primeira fábrica no Brasil da companhia, em Camaçari (BA).

As suspeitas? De trabalho escravo e tráfico de pessoas.

Em dezembro de 2024, uma força-tarefa de órgãos federais disse ter identificado 220 operários chineses terceirizados trabalhando em condições consideradas análogas à escravidão nas obras da fabricante de carros elétricos.

Além da BYD, são alvo da ação as empreiteiras China Jinjiang Construction Brazil Ltda e Tonghe Equipamentos Inteligentes do Brasil Co. (atual Tecmonta Equipamentos Inteligentes Brasil Co. Ltda).

Os trabalhadores, que já foram resgatados, entraram de forma irregular no país –eles tinham vistos de trabalho para serviços especializados, o que não correspondia às atividades desenvolvidas por eles;

Eles seriam obrigados a pagar caução, tinham até 70% de seus salários retidos e os passaportes recolhidos;

Ainda, estariam amontoados em alojamentos sem condições de conforto e higiene, com presença de vigilância armada, tinham contratos com cláusulas ilegais, faziam jornadas exaustivas e sem descanso semanal.

A obra em questão é uma reforma da planta antiga da Ford em Camaçari (BA), lembra? A cidade cresceu em volta da fábrica, que foi vendida quando a montadora americana deixou de produzir no Brasil.

TENTATIVAS

O MPT tentou resolver as coisas fora do tribunal, mas não deu certo. Em fevereiro, o órgão apresentou uma proposta de Termo de Ajustamento de Conduta para a BYD e as terceirizadas. Se elas tivessem aceitado, as coisas teriam terminado ali.

O acordo balizaria contratos futuros de empresas chinesas que queiram atuar com trabalhadores do próprio país no Brasil.

As negociações até avançaram, mas as empresas deram para trás. A Folha de S.Paulo apurou que as companhias queriam condicionar um acordo a uma cláusula de sigilo, o que não foi aceito pelos procuradores.

O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER

Sem mapa, nem bússola. O Ministério da Fazenda não detalhou nem a Lula, nem à Casa Civil, o que aconteceria com o decreto do IOF.

De braços abertos. Depois de muita turbulência política e inflação nas alturas, a Bulgária diz que está pronta para aderir ao euro em 2026.

Igreja e estado. A Renner dividiu a tomada de decisões da empresa em duas cabeças. Cada vice-presidência vai cuidar de marcas diferentes dentro do portfólio.

“Help!”. Veja a lista de agências dos Correios que você pode pedir ajuda para pedir a devolução de descontos do INSS.