Walison Veríssimo

A deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO) se posicionou contra a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o escândalo de fraudes no INSS. Para a parlamentar, a comissão seria “absolutamente desnecessária”, já que a Polícia Federal, a Advocacia-Geral da União e o Poder Judiciário já atuam com rigor no caso, que envolve descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas em todo o país.

“Essa CPMI é absolutamente desnecessária. A PF está investigando com muita competência e a Justiça está agindo. Qual o sentido de uma comissão existir?”, questiona.

Segundo Adriana, o esquema não começou no atual governo, mas sim na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A deputada afirma que 11 das 13 entidades envolvidas nas fraudes foram criadas ainda no governo Michel Temer, mas os golpes passaram a ocorrer de fato durante a administração bolsonarista, que, segundo ela, ignorou denúncias e até permitiu ameaças a servidores que tentaram expor as irregularidades.

“Vai ser um tiro no pé da extrema-direita. As provas mostram que esse esquema tem origem na negligência dos governos anteriores, especialmente o de Bolsonaro”, declarou.

O requerimento de instalação da CPMI foi apresentado por parlamentares da oposição, como Coronel Fernanda (PL-MT) e Damares Alves (Republicanos-DF), e já conta com mais de 200 assinaturas — inclusive de deputados da base aliada, como do PSB e União Brasil.

Apesar da pressão para a instalação, Adriana acredita que o governo está preparado para enfrentar o debate caso a CPI seja instalada. “Se for para o embate, vamos mostrar a verdade. A base do governo vai participar com força total”, garantiu. Nos bastidores, aliados do Planalto avaliam que a oposição tenta transformar a comissão em palanque político, mas que o resultado pode ser o oposto do esperado: expor fragilidades herdadas da gestão anterior e destacar a resposta efetiva do atual governo.

A estimativa é de que o prejuízo causado pelas fraudes ultrapasse R$ 6,3 milhões, com milhares de vítimas idosas afetadas por descontos sem autorização em seus benefícios. O ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, nomeado ainda no governo Lula, deixou o cargo em abril. Mesmo assim, a base governista sustenta que a atual gestão foi a primeira a de fato encarar o problema e colocar os órgãos de controle em ação.