SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Empossado presidente interino do Corinthians após o Conselho Deliberativo aprovar, nesta segunda-feira (26), o afastamento de Augusto Melo, Osmar Stabile, 71, reconheceu novamente ser autor de um vídeo divulgado em 2019 que exaltava o período de ditadura militar no Brasil. O cartola afirmou que já pediu as “desculpas necessárias” pelo episódio e disse que agora torce pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nem gostaria de falar desse assunto no Corinthians, pois não podemos falar de política e religião”, disse o cartola nesta terça-feira (27). “Pedi desculpas aos que se sentiram prejudicados [pelo vídeo], errei, digo que errei, e estou aqui para falar: o presidente do Brasil é o Luiz Inácio Lula da Silva e torço para ele dar certo. Eu dou empregos, tenho empresas, e quero que o Brasil dê certo. E já votei algumas vezes nele.”
Na época em que o vídeo foi divulgado, dizendo ser eleitor de Bolsonaro, Stabile afirmou por meio de nota que criou a publicidade porque é “patriota e entusiasta do contragolpe preventivo”.
O empresário argumentou ainda que não pretendia fazer revisionismo histórico e apenas teve “a intenção de mostrar a outra face da moeda”.
“O povo brasileiro pode e deve conhecer outros argumentos, que não aqueles repetidos compulsoriamente, sem respeito aos fatos como eles, de fato, ocorreram”, disse ele na época que o vídeo veio a público.
Na peça, um ator afirma que o Exército salvou os brasileiros em 1964 e que “não dá para mudar a história”. O conteúdo foi divulgado pelo governo de Jair Bolsonaro.
Na entrevista desta terça, antes de comentar sobre o vídeo, Osmar Stabile fez uma breve apresentação de seu histórico profissional. Lembrou que é empresário da área metalúrgica, especializado em gestão, com formação em gestão esportiva e administração.
Ele não citou, porém, que já foi vice-presidente de esportes terrestres do Corinthians em parte da gestão de Alberto Dualib, que comandou o clube de 1993 a 2007. Ele mesmo também concorreu duas vezes à presidência do clube, em 2007 e 2009.
Após, enfim, realizar seu antigo desejo, Stabile indicou que suas prioridades no mandato como interino vão ser organizar os setores financeiro, jurídico e administrativo e afirmou que assume o clube em um cenário de “terra arrasada”.
“Terra arrasada é porque temos que pagar algumas coisas e não tem dinheiro. Onde está o dinheiro? Não tem. Temos que correr atrás para conseguir. Temos que mudar essa situação, não temos uma varinha de condão para mudar de imediato”, afirmou.
O cartola ficará na presidência do Corinthians, pelo menos, até a assembleia do sócios que vai selar o futuro de Augusto Melo. Afastado do cargo por decisão do Conselho Deliberativo, o dirigente ainda espera a decisão definitiva dos sócios.
A votação dos associados será feita no sistema de maioria simples. Dessa forma, caso os sócios rejeitem o impeachment, o dirigente voltará à presidência. Em caso de o afastamento ser aprovado, Melo perderá o cargo definitivamente.
O Conselho Deliberativo, então, será convocado para eleger sem a participação dos sócios um novo presidente até o que seria o fim do atual mandato, em dezembro de 2026. Nesse intervalo, o Corinthians será comandado por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente.
Após a reunião Conselho Deliberativo, o presidente do órgão, Romeu Tuma Júnior, tem um prazo de até cinco dias para anunciar para marcar a assembleia dos sócios, que ocorrerá, a partir da marcação, em um prazo de 30 a 60 dias.