Nesta terça-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir com reitores das universidades federais para apresentar uma medida que pode aliviar a pressão sobre o ensino superior público: a recomposição do orçamento das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). A iniciativa vem como resposta ao congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025, anunciado na semana passada como parte do esforço para atender às novas regras fiscais.
Embora o detalhamento oficial dos cortes só seja divulgado em decreto no dia 30 de maio, já se sabe que as universidades federais terão seus recursos discricionários impactados — ou seja, a verba destinada a despesas como energia elétrica, segurança, limpeza, manutenção e investimentos em infraestrutura e projetos de expansão.
O cenário é crítico. A Associação Nacional dos Dirigentes das IFES (Andifes) já alertava para a necessidade de uma recomposição de pelo menos R$ 249 milhões, mas as expectativas indicam que o governo pode liberar cerca de R$ 340 milhões — valor suficiente para dar fôlego a diversas instituições.
No caso da Universidade Federal de Goiás (UFG), por exemplo, o orçamento discricionário previsto para 2025 é de R$ 136 milhões, enquanto o total, que inclui salários e aposentadorias, ultrapassa R$ 1,4 bilhão. “O problema não é apenas o volume de recursos, mas a instabilidade. A cada ano temos que lidar com mudanças que inviabilizam o planejamento de longo prazo”, afirmou a reitora da UFG, Angelita Pereira Lima. Segundo ela, uma alternativa seria aprovar orçamentos plurianuais, permitindo previsibilidade e planejamento estruturado.
Para contornar essa instabilidade, a UFG tem recorrido a alternativas que independem diretamente do Tesouro Nacional. Parcerias estratégicas, editais de fomento à pesquisa e captação de recursos externos vêm ganhando protagonismo. Só em 2024, a universidade garantiu R$ 49 milhões por meio de editais científicos — recursos provenientes de agências de incentivo à ciência, e não do orçamento federal.
Hoje, o Brasil conta com 69 universidades federais, todas enfrentando desafios semelhantes diante do aperto fiscal. O encontro entre Lula e os reitores representa uma tentativa do governo de equilibrar as contas públicas sem sufocar o ensino superior — um dos pilares do discurso político do presidente desde o início de seu mandato.