SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores da comunidade do Areião, no Jaguaré, zona oeste de São Paulo, interditaram na manhã desta segunda-feira (26) um trecho da marginal Pinheiros, sentido Interlagos. O bloqueio provocou trânsito no local, refletindo também na marginal Tietê e vias adjacentes. O grupo também bloqueou duas linhas de trem com objetos e fogo.

Em manifestação, um grupo de pessoas da comunidade formou uma barricada com objetos na pista expressa e ateou fogo. Apenas uma faixa estava liberada. A interdição foi realizada na altura da ponte do Jaguaré, às 5h30. A via foi liberada por volta das 7h50.

O rodízio foi suspenso nas marginais Pinheiros e Tietê, em razão do protesto.

Os manifestantes também atearam fogo em objetos sobre o trilho da linha 9-esmeralda, interrompendo a circulação entre as estações Presidente Altino e Ceasa no sentido Osasco.

A linha 8-diamante também operou de forma parcial na região da estação Presidente Altino. Equipes da concessionária fizeram a limpeza dos trilhos e a circulação foi normalizada por volta das 7h30, de acordo com a ViaMobilidade.

Empunhando faixas, os moradores do Areião protestam contra reintegração da área e pedem condições mais dignas de moradia. A movimentação ainda reflete em trânsito intenso na região.

Eles gritaram palavras de ordem contra a reintegração de posse, pedindo informações e exigindo compensações pela possível perda das casas.

A Polícia Militar esteve no local e negociou com os moradores a liberação da via.

De acordo com publicação da gestão municipal, em 2014, a comunidade tem área de 1.800 metros quadrados e cerca de 1.500 famílias.

A Sehab (Secretaria Municipal de Habitação) afirmou que a ocupação, localizada na avenida Presidente Altino, encontra-se em área de propriedade da concessionária Enel e sob linha de transmissão elétrica, considerada de risco.

“A Sehab já atuou em diversas ocasiões para intermediar soluções junto às famílias ocupantes, inclusive com o pagamento de auxílio aluguel, em 2020. À época, os moradores aceitaram o benefício mediante compromisso de desocupação da área. No entanto, o acordo não foi cumprido pelas famílias, que permaneceram no local. Atualmente, não há operação de reintegração de posse em curso conduzida pela Prefeitura de São Paulo na área. A Sehab segue à disposição para o diálogo com os moradores, buscando soluções possíveis dentro dos limites legais e das competências municipais”, afirmou.

A Enel informou que parte da comunidade encontra-se em área particular da companhia e que há um processo de reintegração de posse em andamento com determinação judicial para desocupação voluntária.

“A distribuidora reforça que o local possui restrições técnicas e de segurança para a instalação ou construção de moradias, em função da rede elétrica no local”, afirmou a Enel.

A gestão Ricardo Nunes (MDB), por meio da Semtra (Secretaria Executiva de Mobilidade e Trânsito) e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), liberou o rodízio na manhã desta segunda. Em razão da manifestação, as autuações registradas na marginais Pinheiros e Tietê não serão convertidas em multa.

Na zona leste, moradores de outras duas comunidades também fizeram protesto por moradias. Moradores da ocupação Jorge Hereda e Terra Prometida bloquearam trecho da avenida Aricanduva, sentido marginal, na região de São Mateus, pedindo moradias dignas.

O protesto foi pacífico, eles caminharam pela via com cartazes e gritando palavras de ordem e foram acompanhados pela PM.