SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma jovem passageira em moto por aplicativo morreu em acidente envolvendo um carro também de aplicativo, na noite de sábado (24), no centro de São Paulo. A moto atingiu a porta aberta do carro.

O acidente ocorreu na avenida Tiradentes, no centro de São Paulo, por volta das 23h30.

De acordo com o boletim de ocorrência, um motorista de carro de aplicativo contou que levava dois passageiros.

Segundo relato do motorista, os passageiros começaram a brincar, e um deles teria dito, em tom de brincadeira, que iria descer do carro. Quando o veículo parou em um semáforo, ele teria aberto a porta.

Na moto, da 99, estava Larissa Barros Máximo Torres, 22, que foi atingida pela porta. Com impacto, ela e o piloto foram arremessados.

Larissa ficou gravemente ferida, foi socorrida e não resistiu.

Segundo a 99, essa é a primeira morte de passageiros desde que o serviço passou a ser ofertado em São Paulo, em janeiro deste ano.

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o condutor da moto não esperou a chegada da Polícia Militar.

“O jovem que abriu a porta alega que não se recorda com detalhes do que ocorreu, pois estaria embriagado. O caso foi registrado como homicídio culposo na direção de veículo automotor no 2º DP (Bom Retiro) e serão necessárias oitivas para melhor esclarecimento dos fatos”, afirmou a pasta da segurança.

A 99 lamentou o acidente e se solidarizou com os familiares e amigos da vítima. A empresa afirmou que está acompanhando de perto o caso e está oferecendo suporte integral aos envolvidos –como cobertura pelo seguro, apoio psicológico e auxílio funeral.

A empresa afirmou que o condutor da moto não fugiu do local do acidente. Ele foi levado para um hospital, de acordo com a empresa, que disse estar à disposição das autoridades para contribuir com as investigações.

O serviço, ainda de acordo com a companhia, está disponível em 3.300 municípios, e que, no ano passado, apenas 0,0003% das corridas tiveram algum acidente de trânsito. “A empresa tem mais de 50 funcionalidades de segurança, incluindo alerta de velocidade, que emite avisos em casos de excesso.”

A polícia não informou para qual aplicativo o motorista do carro fazia corrida no momento do acidente. Segundo a 99, o motorista do carro não estava em uma corrida para a empresa.

As empresas Uber e 99 continuam oferecendo o serviço de transporte por motocicletas em São Paulo mesmo após decisão judicial suspender a modalidade no dia 16 de maio.

“A 99 esclarece que não está descumprindo qualquer ordem judicial e que o serviço da 99Moto continua operando legalmente na cidade de São Paulo, enquanto a empresa aguarda esclarecimentos do desembargador, já requeridos formalmente, dentro do prazo garantido pelo devido processo judicial”, afirmou.

A Uber afirmou que a modalidade Uber Moto segue disponível no município enquanto aguarda o Tribunal de Justiça se manifestar sobre o pedido de esclarecimentos solicitado pela empresa sobre a decisão judicial, que, segundo a empresa, não determina a suspensão imediata da operação.

A Uber foi questionada se o carro envolvido no acidente estava em um corrida pela empresa, mas não respondeu até a publicação deste texto.

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FAMÍLIA CLASSIFICA CASO COMO INADMISSÍVEL E PEDE JUSTIÇA

Os familiares de Larissa lamentaram a morte da jovem e pediram por justiça.

Carlos Alberto Torres, tio da vítima, disse que eles estavam acompanhando a viagem, que foi encerrada, mas ela não apareceu em casa.

“Fomos pedir para puxar a câmera de segurança, foi quando o hospital ligou avisando que ela estava no hospital. Chegando lá constatou o óbito. Não dá para entender como dois jovens, duas pessoas, fazem um tipo de brincadeira dessa”, afirmou em entrevista à TV Globo.

“Que a justiça seja feita porque duas pessoas embriagadas —não são duas crianças— como que me abrem a porta e acabam com a vida de uma pessoa que ia fazer 23 anos daqui dois meses?”.

“Ela tinha acabado de receber um prêmio da empresa como melhor funcionária. Estava retornando para casa e dois delinquentes, irresponsáveis, abrem a porta. Enfim, é Brasil, é complicado, mas eu espero justiça. É inadmissível, inaceitável um negócio desse. Estamos vivendo numa selva de pedras. É triste.”