Uma planta rara de flores azuis, nunca antes registrada pela ciência, foi descoberta em pleno Cerrado goiano por pesquisadores da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Batizada de Jacquemontia verae, a espécie, que atinge até 1,2 metro de altura, foi localizada em uma única e isolada população às margens da GO-401, em um trecho montanhoso que leva à Serra da Fortaleza, no sul do estado.
O achado, embora extraordinário, vem acompanhado de preocupação: a nova planta já está ameaçada de extinção. O local onde ela ocorre não está inserido em nenhuma área de proteção ambiental e sofre constante degradação causada pela expansão da pecuária, cultivo intensivo e obras recentes de pavimentação da rodovia — todos fatores que afetam diretamente seu habitat.
Diante disso, os cientistas envolvidos na descoberta recomendam ações imediatas, como a criação de áreas protegidas e a coleta de sementes e exemplares vivos para fins de conservação e restauração ecológica.
A professora Isa Lucia Morais, que liderou a pesquisa, destaca que a identificação de uma nova espécie vai além do registro científico: “Cada nova planta descrita é uma peça que se encaixa no quebra-cabeça da biodiversidade. Conhecer é o primeiro passo para preservar”, afirmou.
Ela reforça ainda que esses achados impulsionam pesquisas, fomentam a educação ambiental e podem até inspirar soluções tecnológicas baseadas na natureza. “São descobertas como essa que despertam a curiosidade científica e nos conectam com a urgência de proteger os ecossistemas únicos do Brasil.”
A planta foi oficialmente descrita em um artigo publicado na revista científica Phytotaxa no dia 12 de maio de 2025. O nome verae é uma homenagem à professora doutora Vera Lúcia Gomes Klein, referência na botânica brasileira, especialmente nos estudos sobre a flora de Goiás e Tocantins.
A pesquisa contou com a colaboração de especialistas de instituições de renome: Mayara Pastore (Instituto Tecnológico Vale), André Luiz C. Moreira (UEFS), Luiza A. Romeiro (UFPA) e Rosângela Simão-Bianchini (Instituto de Pesquisas Ambientais de SP). A professora Isa também é curadora do Herbário José Ângelo Rizzo, sediado no câmpus da UEG em Quirinópolis.
No fim, a descoberta da Jacquemontia verae é um lembrete vívido: mesmo em tempos de desmatamento acelerado e transformações rápidas do território, a natureza ainda guarda segredos. E protegê-los pode ser a chave para garantir o futuro da vida no Cerrado — e no planeta.