SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Virada Cultural 2025 se encerrou neste domingo (25) com uma apresentação emocionante de Elomar Figueira Mello, 87 anos, na praça da Sé, em São Paulo. Considerado um dos maiores compositores brasileiros vivos, o artista baiano subiu ao palco ao lado do filho, João Omar de Carvalho Mello, que o acompanhou ao violão.

Por questões de saúde, Elomar já não toca mais, mas emocionou o público ao cantar clássicos de sua obra, em um espetáculo marcado pela comoção e pela profunda admiração da plateia.

“Foi um momento muito especial, porque ele voltou a cantar ‘O Violeiro’, que não interpretava há muitos anos. Insisti para incluirmos essa música porque ela é emblemática na carreira dele”, contou João Omar. “Acompanho meu pai desde os nove anos. É uma parceria longa, como Dom Quixote e Sancho Pança. Agora, com ele mais velho e sem poder tocar violão — ainda mais um violão tão complexo como o dele —, é uma missão mesmo estar ao lado dele nesses momentos.”

O músico foi recebido com entusiasmo por um público que cantava em coro. Em meio à grandiosidade da praça e da cidade que tanto admira, o show ganhou um tom intimista. “Para ele, São Paulo é um modelo de cidade”, relatou o filho.

Entre os presentes, fãs de longa data se emocionaram com a rara oportunidade. “Acompanho o Elomar desde a juventude. Ele é o grande erudito da música brasileira ainda vivo”, disse Rita Lima, 65 anos, que veio de Santo André especialmente para o show. “A obra dele é fenomenal. Já fui até a Bahia e a um festival em Minas só para vê-lo.”

Elomar é conhecido por sua produção singular, que une a tradição nordestina com influências do romanceiro medieval. Avesso à exposição pública, evita entrevistas e registros fora dos palcos. Leva uma vida simples e reclusa, distante da lógica da indústria cultural. Ainda assim, é reverenciado por um público fiel e por críticos que o consideram um dos grandes nomes da música brasileira.

Saiu do palco como entrou: discreto, deixando uma lembrança marcante em uma multidão que reverenciou não apenas o artista, mas o legado que ele representa.