SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Logo após o ataque, o suspeito de atirar contra os dois funcionários da embaixada israelense se sentou junto aos convidados do evento que ocorria no Museu Judaico, em Washington, e foi até acalmado por algumas pessoas, que acreditaram que ele estivesse assustado com a violência.

Elias Rodriguez, de 31 anos, entrou correndo no prédio, sem fôlego e de terno azul depois do tiroteio. O homem, morador de Chicago, é acusado de ter matado Yaron Lischinsky e Sarah Lynn Milgrim na saída do local, perto do escritório da agência de campo do FBI, na noite de quarta-feira (21).

Uma das convidadas até ofereceu um copo de água para ele, achando que buscava refúgio da violência. Paige Siegel, uma advogada de 30 anos e apoiadora de Israel que participava de um evento de networking no museu, contou ao The Washington Post que se sentou ao lado do atirador e perguntou se ele estava bem.

Suspeito ficou sentado por alguns minutos, abalado e resmungando sobre chamar a polícia. A advogada relatou que considerou o homem uma ”pessoa normal com quem você se depara na rua”. Mas, conforme o tempo passava, um pensamento começou a surgir em sua cabeça: ”E se ele fez isso?”.

Em determinado momento, Elias se levantou e começou a gritar. ”Eu fiz isso, eu fiz isso por Gaza. Palestina livre”, teria dito. Na sequência, ele foi detido pelos policiais. nesta quinta-feira (22), o suspeito foi acusado de dois homicídios em primeiro grau e homicídio de autoridades estrangeiras.

QUEM ERA O ATIRADOR

Sem antecedentes criminais, Elias nasceu e cresceu em Chicago. Ele é filho de um sargento da Guarda Nacional de Illinois, que foi recrutado para o Iraque durante a guerra no país em 2003. Formado em Letras pela Universidade de Illinois, já trabalhou para a Associação Americana de Informação Osteopática, ajudando a verificar informações de médicos para um banco de dados.

Homem tinha histórico de ativismo. Segundo a imprensa americana, ele pode ter sido filiado a grupos marxistas-lenistas. O PSL, partido dos EUA para o Socialismo e Liberação, informou pelas redes sociais que ele teve uma breve ligação com um dos braços do grupo. No entanto, a legenda afirmou que não tem nenhum contato com ele há mais de sete anos. ”Não temos nada a ver com esse tiroteio e não o apoiamos”, escreveram.

Ele teria publicado uma carta horas antes do tiroteio. Investigadores analisam a publicação de um suposto perfil do suspeito no X, em que acusa Israel de ”genocídio”. ”Eu amo vocês, mãe, pai, irmãzinha, o resto da minha família”, dizia a mensagem, destacando também a frase ”Palestina Livre”.

Um vizinho, John Wayne Fry, descreveu o homem ao The Washington ‘como ‘quieto e amigável” . Na porta do apartamento de Elias, há um símbolo da Hello Kitty e, em uma das janelas, uma placa dizendo ”Justiça para Wadea”. Trata-se de uma aparente referência ao assassinato de Wadea Alfayoumi, um menino palestino-americano de seis anos que foi esfaqueado até a morte por um homem nos arredores de Chicago em 2023.

PRINCIPAL LINHA DE INVESTIGAÇÃO DIZ SE TRATAR DE ANTISSEMITISMO

Vítimas eram um jovem casal prestes a ficar noivo. “O jovem havia comprado um anel esta semana para pedir sua namorada em casamento na próxima semana em Jerusalém”, disse o embaixador de Israel nos Estados Unidos, Yechiel Leiter.

O presidente dos EUA, Donald Trump, expressou condolências às famílias das vítimas. “Esses assassinatos horríveis em DC, claramente motivados por antissemitismo, precisam acabar. O ódio e o radicalismo não têm lugar nos Estados Unidos”.

O embaixador israelense, Danny Danon, classificou o incidente como ato de terrorismo antissemita. “Prejudicar a comunidade judaica é cruzar a linha vermelha. Estamos confiantes de que as autoridades americanas tomarão medidas enérgicas contra os responsáveis por esse ato criminoso”.

O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou reforço da segurança das missões diplomáticas de seu país em todo o mundo. Ele atribuiu o ataque à “selvagem incitação” à violência “contra o Estado de Israel”.