SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Irmãos Batista (os da JBS) decidem seu futuro, governo age (e recua) para fechar as contas e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (23).
**CORTA E TAXA, VAI E VOLTA**
Para fechar as contas, o governo Lula anunciou medidas ontem (e recuou em algumas delas horas depois). Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento anunciaram o congelamento de R$ 31,3 bilhões em despesas e o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
TIRANDO DO ALCANCE
O valor do congelamento soma o contingenciamento e o bloqueio de gastos sim, há uma diferença. O primeiro é indicado nos casos em que o Planalto vê um enfraquecimento na arrecadação, e pode ser revertido com facilidade. Já o segundo é mais complicado de desbloquear e é usado quando as despesas aumentam.
As duas coisas aconteceram nos últimos meses: as despesas cresceram e a arrecadação minguou.
A ideia é reverter o contingenciamento ao longo do ano, conforme o governo encontra novas receitas.
O Executivo quer ganhar uma grana com um novo leilão de petróleo, por exemplo.
ESTÁTUA!
Os gastos congelados são os discricionários, uma palavra bonita para descrever aquilo que faz a máquina funcionar. Contratos terceirizados, contas de luz, de água, etc. Também serão atingidos os investimentos públicos, como obras e compras de máquinas e equipamentos.
O detalhamento de quanto cada ministério vai ter que economizar sai até o fim do mês.
E você com isso? Estava demorando para esta pergunta aparecer. Acontece que, para ganhar mais dinheiro e então poder abrir a mão, a Fazenda e o Planejamento decidiram aumentar o IOF, um imposto que você paga ao fazer algumas operações financeiras.
Entre elas:
– Compra de moeda estrangeira;
– Investimentos em alguns tipos de seguros, como o VGBL.
O aumento para quem usa cartões de crédito e débito internacionais, cheques de viagem, remessas para contas no exterior e outras formas de câmbio será pequena: de 3,38% para 3,5%.
É mais uma forma do governo aumentar a arrecadação: a expectativa é que ele receba R$ 20,5 bilhões a mais neste ano com o ajuste, e R$ 41 bilhões em 2026.
SIM, MAS..,
A reação negativa do mercado ao aumento do impostou levou o governo a recuar em dois pontos “após diálogo e avaliação técnica”, segundo a Fazenda.
– Aplicações de fundos brasileiros no exterior seguirá sem imposto;
– Remessas internacionais para investimentos pagará 1,1%, e não 3,5% como anunciado.
**REIS DO GADO**
Hoje, a vaca vai tossir. Acontece uma assembleia dos acionistas da JBS para decidir os detalhes do futuro da companhia.
Antes que pergunte sim, é importante que você esteja por dentro desta história a JBS é uma das maiores empresas do mundo e é controlada por empresários brasileiros que são próximos dos núcleos de poder do país, Joesley e Wesley Batista.
LÁ E CÁ
A empresa passará por mudanças em nome de acomodar uma dupla listagem de ações: seus papéis, que hoje já são negociados na bolsa de valores brasileira, também poderão ser comprados e vendidos na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York).
Por vários motivos. O principal deles é o fato de que mais da metade da receita da companhia vêm das operações nos EUA. Ainda, a listagem na maior praça de negociações do mundo dá uma visibilidade bastante relevante para a empresa.
MUDANÇAS
Para acomodar as novas operações, os irmãos Batista donos da J&F Investimentos, holding que é uma das principais acionistas da JBS propõem algumas mudanças que, se aceitas, podem aumentar a concentração do controle nas mãos deles.
A sede jurídica fica em São Paulo, junto com a sede corporativa. A ideia é mudá-la para a Holanda, e pulverizar a estrutura de controle em vários países. O gráfico a seguir ajuda a explicar.
↳ Especialistas ouvidos pela Folha consideraram a organização societária inteligente, e segue modelos de outras grandes empresas multinacionais. Não fosse
um probleminha. Se você bem reparou, o controle nas mãos de Joesley e Wesley Batista será muito grande, caso o plano seja aceito. Isto não agrada a todos os investidores e preocupa bastante os sócios minoritários.
A JBS NV, da Holanda, vai emitir duas classes de ações, a Classe A (com 1 voto por ação), que será listada em Nova York e no Brasil, via BDRs (recibos depositários de ações), e a Classe B (com 10 votos por ação), não negociável e que tende a ficar concentrada nas mãos dos Batista.
Na relação de poder econômico nada muda para os minoritários. Mas a participação dos Batistas medida pelo poder político de voto aumenta. Passará de cerca de metade para algo entre 83% e 85% nas tomadas de decisões.
A opinião geral é que a estrutura acionária não é a melhor do mundo. Mesmo assim, muitas casas de análise mantêm a recomendação de compra das ações da JBS. Não dá para negar que a dupla listagem será lucrativa para a companhia e, por consequência, para seus acionistas.
**BYD NÃO TEM FREIO**
A BYD perdeu o freio. Não os carros, a marca mesmo. Depois desta piada péssima podemos dar as notícias boas para os chineses e ruins para um empresário que gosta de estar na vitrine do governo americano.
A montadora chinesa de carros elétricos ultrapassou, pela primeira vez, as vendas da Tesla na Europa. A marca, que já pode ser vista com alguma frequência nas ruas brasileiras, deu mais um passo importante na conquista de mercados internacionais.
EM NÚMEROS
– 7.231 é a quantidade de carros totalmente elétricos vendidos pela BYD na Europa no mês passado.
– 7.165 foram as unidades vendidas pela Tesla.
↳ Os dados são da Jato Dynamics, uma empresa especializada em inteligência de dados no setor automotivo.
A diferença foi pequena, mas, ainda sim, a BYD foi melhor. Para entender os cenários atuais das duas empresas, vamos usar outra métrica.
– 49% foi a queda do volume mensal da Tesla em relação ao ano anterior;
– Ao contrário, a BYD teve um salto de 169% no mesmo dado. Se considerarmos também os veículos híbridos plug-in, os registros pulam para 359%.
O QUE ROLOU?
A convergência de um momento muito bom para a BYD, e um muito ruim para a Tesla.
As vendas da montadora comandada por Elon Musk despencaram por dois motivos centrais, de naturezas diferentes.
[1] Foco no personagem, e não nos negócios. Elon Musk se afastou do business para assumir um papel de destaque no governo de Donald Trump nos Estados Unidos. Foi colocado pelo líder na chefia do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), no qual sua missão era reduzir as despesas operacionais da Casa Branca.
Quem quer fazer tudo, não faz nada direito. Os negócios na Tesla começaram a ir mal e a aventura na administração pública também.
[2] Deixada para trás. O carro-chefe da montadora foi atualizado recentemente, o Modelo Y. Contudo, o cardápio está ficando velho em relação ao que vem sendo apresentado por outras, como a BYD.
A BYD e outras empresas chinesas ampliaram seu portfólio na Europa, aumentando as vendas de híbridos plug-in categoria que não está sujeita às tarifas da UE de até 45% sobre veículos elétricos vindos da China.
↳ Na frente das duas no ranking ainda estão Renault, koda, Volkswagen, Audi e BMW.
NÃO É A PRIMEIRA VEZ
A BYD já tinha superado a Tesla no quesito maior fabricante de elétricos do mundo impulsionada por seu mercado doméstico e na América do Sul. A derrota da muskiana entre os europeus é simbólica, uma vez que este é um mercado muito tradicional na inovação automotiva.
[+] Aí vão algumas novidades sobre o mercado automotivo.
A Fiat está na corrida para apresentar a nova versão do Pulse antes que a Volkswagen lance sua nova aposta, o Tera.
Você se lembra de Citröen? Então, ela chegou a 1 milhão de automóveis produzidos no Brasil.
O Outlander, da Mitsubishi, está voltando para o Brasil em nova geração híbrida.
**PARA VER**
Ford vs. Ferrari (2019)
Ford v. Ferrari. Disney+. 152 minutos.
Em meados de 1960, a tradicional fabricante americana de carros, Ford, se viu encurralada. Os jovens adultos do pós-guerra não queriam mais saber de modelos comportados e sem-graça, na sua visão.
O longa mostra a ideia ambiciosa de Carroll Shelby (Matt Damon), designer de carros, e Ken Miles (Christian Bale), piloto de mão cheia, para reconquistar o público.
Na Ford, começam a desenhar carros esportivos e arrojados, que de início, não convenceram o público. Para provar que estavam na crista da onda, os dois decidem desafiar a Ferrari a preferida da juventude no circuito de Le Mans, na França.
O filme mostra o embate dentro e fora das pistas das duas montadoras para se consagrar a mais durona do automobilismo.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Bom dia, flor do dia. Milei quer que os argentinos se levantem dos colchões e tirem os dólares que estão embaixo dele. O presidente criou um programa que permite a entrega de dinheiro sem explicações sobre a sua origem.
Contagem regressiva. O Brasil entrou ontem em um período decisivo de 28 dias para se autodeclarar livre da gripe aviária.
Azeite expulso da dieta. Quatro marcas de azeite de oliva foram proibidas pela Anvisa nesta semana. Veja quais.
Sem medo de ser feliz. A Câmara dos EUA aprovou o pacote de corte de impostos de Trump que pode reduzir a arrecadação do país endividado. Agora, falta passar pelo Senado.