PATRÍCIA PASQUINI

SÃO PAULO

OUTRO LADO: Secretaria Municipal da Saúde diz que realiza ações de prevenção todos os dias

(FOLHAPRESS) Em 23/05/2025 07h00

Dos 14 mortos por dengue na cidade de São Paulo, sete têm até 34 anos, cinco acima de 65 e os outros dois são crianças –11 e 12 anos (nenhum tomou a vacina Qdenga, da farmacêutica Takeda, disponível na rede pública).

Do total, apenas dois –uma mulher de 26 e um homem de 31 anos– não tinham comorbidades.

Cinco dos mortos moravam no distrito com o maior número de casos (3.693) e a mais alta incidência de dengue (1.057,5) do município, o Jardim Ângela, na zona sul. Os demais eram de Brasilândia e Vila Guilherme (norte), Butantã (oeste), São Mateus, Ermelino Matarazzo (leste), e Cangaíba e Sacomã (sudeste).

Água parada e larvas do mosquito da dengue em buraco no asfalto da rua Conde de Silva Monteiro, no Jardim Capela, região do Jardim Ângela, distrito com maior incidência de dengue da cidade Zanone Fraissat – 24.mar.2025 Folhapress A imagem mostra um buraco na rua, com água acumulada que reflete o céu. Ao fundo, há casas de um bairro, algumas com cores variadas, e vegetação ao redor. O asfalto está danificado e há pedras soltas ao redor do buraco. **** Segundo o boletim epidemiológico de arboviroses da Secretaria Municipal da Saúde, de janeiro a 16 de maio de 2025, a capital paulista confirmou 46.774 casos de dengue. Os dados são provisórios.

Desde 2015 (mesmo período), quando foram confirmados 98.144 casos de dengue no município de São Paulo, é o terceiro maior número. Em 2024, de janeiro a 16 de maio, a cidade chegou a 516.837 infecções. Em relação a 2023 (9.958), o montante é 369,7% mais alto. Quanto às mortes, em 2024, até 16 de maio, 147 pessoas haviam morrido de dengue. Em 2023, no mesmo intervalo, oito.

Newsletter Cuide-se Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estar *** Com coeficiente de incidência em 389,6 por 100 mil habitantes, a cidade está em epidemia pela doença. Ao observar cada um dos 96 distritos administrativos, é possível contabilizar 45 no mesmo patamar. Destes, 14 estão na região norte, 12 na oeste e na sul (em cada) e seis na leste. Jabaquara é o único distrito epidêmico da sudeste.

A Secretaria Municipal da Saúde afirmou que monitora a situação epidemiológica da dengue na capital e realiza diariamente ações de prevenção e combate à doença.

De acordo com a pasta, em 2025, já foram realizadas mais de 5,6 milhões de ações, incluindo visitas domiciliares, bloqueio de criadouros, nebulizações, aplicação de larvicidas em pontos estratégicos e com drones em locais de difícil acesso, além de campanhas educativas para a conscientização da população.

Arte HTML5/Folhagráfico/AFP https://arte.folha.uol.com.br/saude/2025/05/22/dengue-sp/ *** A OMS (Organização Mundial da Saúde) define que uma doença é considerada epidêmica quando a incidência ultrapassa 300 casos por 100 mil habitantes.

Até o momento, março foi o mês com o maior número de casos confirmados de dengue, 17.286, seguido por abril, que encerrou com 16.472 infecções. Em 2024, abril (200.870) e maio (182.671) foram os meses mais intensos da doença na capital paulista. Vale ressaltar que, como há notificações em investigação, os números de ambos os anos podem mudar.

Galeria Dengue no distrito de Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo Em apenas uma rua, mais de 30 pessoas ficaram doentes https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1827530606926553-dengue-no-distrito-de-jardim-angela-na-zona-sul-de-sao-paulo *** Em 2025, o intervalo entre 30 de março a 5 de abril (semana epidemiológica 14) confirmou o maior número de casos, 4.492. No ano passado, o período de 5 a 11 de maio foi o com mais ocorrências da doença, 52.348.

A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Os três primeiros estão em circulação na cidade de São Paulo. Quando um indivíduo é infectado por um deles adquire imunidade contra aquele vírus, mas ainda fica suscetível aos demais.

Grupos de risco — como gestantes, idosos, crianças menores de dois anos, doentes crônicos e imunossuprimidos — exigem atenção redobrada e devem procurar atendimento médico logo que surgirem os primeiros sinais de dengue. Não há um tratamento específico para a doença. A pessoa deve buscar ajuda médica para tratar os sintomas e se hidratar com água e soro caseiro, principalmente –hidratação intravenosa, num serviço de saúde, pode ser necessária.

Quando o paciente desenvolve complicações graves, especialmente o choque causado pela doença, o risco de morte se torna muito alto mesmo com tratamento médico adequado, pois o organismo sofre danos profundos.

Arte HTML5/Folhagráfico/AFP https://www1.folha.uol.com.br/webstories/equilibrioesaude/2024/12/saiba-como-se-prevenir-e-combater-o-mosquito-da-dengue/ *** Nessa fase crítica, ocorre uma queda perigosa da pressão arterial, descontrole nas hemorragias e risco de falência dos órgãos vitais –situações que, juntas, tornam a recuperação difícil.

A dengue apresenta sintomas variados. Nos quadros leves, os sinais mais comuns incluem febre acima de 38 °C, dores de cabeça, nas articulações e atrás dos olhos, além de inchaço nos gânglios linfáticos, coceira e manchas avermelhadas na pele.

Na forma grave, a doença pode causar náuseas, vômitos, sangramentos, dor abdominal intensa e tontura ao se levantar.