SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Venezuela deteve na quarta-feira (21) um cidadão espanhol, um argentino e um búlgaro por suposto envolvimento em conspiração, disse o ministro do Interior, Diosdado Cabello. O ministro, número dois do chavismo, também usou seu programa de televisão para acusar a imprensa de conspirar, mentir, extorquir e lavar dinheiro do narcotráfico.
Os detidos se somam aos 38 acusados, dos quais 17 são estrangeiros, de participar de um plano para “sabotar, de forma violenta, as eleições” regionais e parlamentares marcadas para o próximo domingo (25), com o uso de explosivos. Cabello também acusou a líder opositora María Corina Machado de estar “por trás disso”.
De acordo com Cabello, os supostos mercenários chegaram ao país vindos da Colômbia. Esse teria sido o motivo para, na segunda-feira (19), ter anunciado a suspensão de voos do país.
O ministro não deu detalhes sobre a operação nem sobre as identidades dos detidos, mas afirmou que o espanhol estaria “ligado a máfias do narcotráfico”. Ele já foi libertado, segundo confirmaram fontes do Ministério das Relações Exteriores da Espanha à agência EFE nesta quinta-feira (22).
“Se vierem para cá conspirar, vamos pegar vocês, fiquem sabendo”, disse Cabello durante seu programa semanal transmitido pela emissora estatal Venezolana de Televisión (VTV).
Em seu programa, o ministro também expôs vários jornalistas e criticou uma iniciativa para arrecadar fundos para 15 meios digitais ameaçados de fechamento. “Esse pessoal está pedindo esmola”, disse.
“Não me surpreenderia que isso fosse uma farsa que inventaram como fachada perfeita para justificar doações provenientes de grupos criminosos ligados ao narcotráfico. Eles fazem um negócio aberto, e vêm e colocam dinheiro. Lavagem, uma lavanderia”, afirmou Cabello, figura central no aparato repressivo e judicial do Estado, segundo organizações de direitos humanos.
“Lembremos que esses são muito ligados à oposição venezuelana. Agora, mais do que nunca, deve-se aplicar a lei de fiscalização das ONGs. E se quiserem permissão para que seus portais sejam acessados na Venezuela, devem demonstrar a origem dos seus fundos”, acrescentou Cabello.
Apesar das acusações, o ministro declarou que as eleições de domingo serão um sucesso, e afirmou que a Força Armada Nacional Bolivariana mobilizou mais de 412 mil militares para proteger a votação.