SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O poeta Paulo Henriques Britto, de 73 anos, foi eleito nesta quinta-feira (22) para ocupar a cadeira nº 30 da Academia Brasileira de Letras. O tradutor e professor preenche a vaga deixada aberta pela morte da crítica literária Heloisa Teixeira após receber 22 votos dos acadêmicos.
“Tenho que agradecer muito o trabalho das pessoas que me ajudaram na candidatura, em particular o Geraldinho Carneiro, que foi a pessoa que fez o caminho das pedras todo para mim”, afirmou Britto à reportagem, se referindo ao imortal que é poeta e letrista.
Britto chega à Academia em um momento que considera de renovação e afirma querer colaborar com isso. “Pretendo fazer lá o que eu já sei fazer -dar aulas, promover encontros e levar um pouco dos resultados das minhas pesquisas sobre poesia”. Atualmente, o tradutor leciona na PUC-Rio, onde atua em duas linhas de pesquisa: tradução de poesia e poesia brasileira contemporânea.
Britto tem 14 livros publicados, sendo oito de poesia, dois de contos, três de ensaios e um infantojuvenil. Sua obra poética foi traduzida para o inglês e o sueco e publicada em Portugal. Seu ensaio “A Tradução Literária” ganhou edição em espanhol no Chile.
O mais novo imortal da ABL também é reconhecido como um dos principais tradutores do país, tendo vertido ao português cerca de 120 obras de romancistas como Virginia Woolf, Henry James, Thomas Pynchon e James Baldwin, e também de poetas como Byron, Elizabeth Bishop e Frank OHara.
Mas também é responsável por traduções para o inglês, ajudando obras de autores brasileiros como Ferreira Gullar e Luiz Costa Lima a chegarem a outras partes do mundo.
Para o presidente da ABL, Merval Pereira, a chegada de Britto representa um ganho em várias frentes. “Ele é o maior tradutor de língua inglesa que nós temos, crítico literário e poeta. Tem múltiplas funções e será muito útil para a Academia”, afirmou.
A historiadora e imortal Lilia Schwarcz também celebrou a escolha e afirmou que os poetas são sempre bem-vindos. “É um belo poeta, um grande tradutor. E, além do mais, é uma pessoa de muito bom convívio. É um professor, um mestre das letras. Ou seja, ele vem para o lugar certo.”
Britto era o favorito na corrida. Ele concorreu à vaga com Arlindo Miguel, Eduardo Baccarin Costa, Paulo Renato Ceratti, Spencer Hartmann Júnior e Salgado Maranhão, que ficou em segundo lugar, com dez votos.
Não havia mulheres na corrida para substituir Heloisa Teixeira, crítica conhecida por suas obras de verve feminista.
O fato é notável já que, em toda sua história de 128 anos, a ABL só teve 12 imortais mulheres. A primeira foi a escritora Rachel de Queiroz, e a mais recente é a jornalista Míriam Leitão, eleita no mês passado para a vaga de Cacá Diegues.
“Eu tinha muita admiração por Heloisa, em particular por ela ter feito a antologia ’26 Poetas Hoje’, que foi um divisor de águas na história da poesia brasileira”, afirma Britto.
Na próxima quinta (29), acontecem as eleições para a cadeira deixada pela morte de Marcos Vilaça em 29 de março.
Na ocasião, também haverá apenas homens concorrendo. Eles são o advogado José Roberto de Castro Neves, que concorre com status de favorito, Rodrigo Lacerda, Diego Mendes Sousa, Sivaldo Venerando do Nascimento e Evandro Aléssio Rodrigues Pereira.