Walison Veríssimo
A sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizada na quarta-feira (21) foi interrompida após o deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) fazer insinuações sobre a vida pessoal da deputada Bia de Lima (PT), sugerindo, de forma indireta, uma associação com pedofilia. O episódio gerou reação imediata da petista, que cobrou da presidência a retirada do colega da mesa diretora por quebra de decoro.
A tensão teve início logo após Bia discursar em defesa do pagamento do piso salarial dos professores em Niquelândia. Na sequência, Amauri, que ocupava a terceira secretaria da mesa, assumiu a leitura de matérias e, do microfone da mesa diretora, declarou: “Vai cuidar dos seus novinhos, deputada. Você gosta de novinho. Cuidado pra não pegar novinho demais.”
A fala foi recebida com indignação por Bia de Lima, que apresentou questão de ordem ao presidente em exercício da sessão, deputado Clécio Alves (Republicanos).
“Solicito a substituição do secretário em exercício por falta de decoro. Não se trata de divergência política, mas de uma ofensa pessoal pública.”
Clécio tentou conter os ânimos e manter a sessão, pedindo respeito mútuo. “Vamos entrar em uma sessão de respeitabilidade conjunta. Caso aconteça qualquer coisa, eu encerro a sessão”, declarou.
Apesar do alerta, Amauri Ribeiro voltou a falar e ampliou o ataque, referindo-se a uma entrevista concedida por Bia a uma emissora de rádio: “Ela disse que gosta de novinho. ‘Novinho’ é termo usado por pedófilo. Foi chamada de ‘papa-anjo’ pela repórter e sorriu. Isso não é linguagem inocente. Isso é linguagem de pedófilos.”
Bia reforçou seu pedido pela retirada do colega da mesa e afirmou que recorrerá à presidência da Alego para garantir providências formais. Diante do impasse, Clécio Alves optou por encerrar a sessão. “Quem vai sair dessa mesa sou eu. Está encerrada a sessão”, disse.
Nos bastidores, o clima piorou. Bia de Lima e o deputado Mauro Rubem (PT) encontraram Amauri no “cafezinho” do plenário, onde a discussão verbal prosseguiu em tom elevado. Amauri precisou ser contido por parlamentares, assessores e pela Polícia Legislativa.
O episódio acendeu o alerta entre os membros da Casa e deve resultar em representações formais no Conselho de Ética da Alego. O presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB), ainda não havia se manifestado publicamente até o encerramento da sessão.