Walison Veríssimo

A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) vive uma de suas semanas mais tensas do ano. A crise entre os deputados estaduais Amauri Ribeiro (União Brasil) e Bia de Lima (PT) se agravou após a sessão de quarta-feira (21), quando uma fala ofensiva de Amauri direcionada à colega levou ao encerramento dos trabalhos e à abertura de uma disputa por representações formais no Conselho de Ética.

Ao ocupar a mesa diretora como terceiro-secretário, Amauri fez uma insinuação sobre a vida pessoal da deputada ao comentar uma entrevista concedida por ela a uma rádio:
“Vai cuidar dos seus novinhos, deputada. Você gosta de novinho. Cuidado pra não pegar novinho demais.”

A frase foi interpretada como ofensiva por Bia, que pediu a imediata retirada do colega da mesa, acusando-o de quebra de decoro. O presidente em exercício, Clécio Alves (Republicanos), optou por encerrar a sessão diante da escalada do conflito. Nos bastidores, a tensão seguiu alta e, segundo relato da deputada, a Polícia Legislativa precisou escoltá-la para evitar um confronto físico.

Na manhã seguinte (22), Bia de Lima formalizou uma representação contra Amauri, cobrando providências da presidência e classificando o episódio como “violência simbólica, verbal e quase física”. Ela afirmou ainda que a situação reflete um padrão de ataques já vivenciado por outras mulheres na Casa.

Em resposta, o presidente Bruno Peixoto (União Brasil) afirmou que a representação será encaminhada ao Conselho de Ética e anunciou uma nova diretriz para as sessões: qualquer fala ofensiva acarretará o corte imediato do microfone e da transmissão pela TV Alego. “Essa Casa não será palco de ataques pessoais”, declarou.

Logo após, Amauri Ribeiro reagiu com uma contra-representação, acusando Bia de também ferir o decoro em sessões anteriores. O deputado afirmou que vai levar o caso às comissões temáticas e acusou a petista de “apologia à pedofilia”, em referência ao uso do termo “novinho” na entrevista.

“Ela não disse que gosta de homens mais jovens. Disse que gosta de novinhos. Isso tem peso, ainda mais no Maio Laranja.” Com representações cruzadas protocoladas, o caso agora será analisado pelo Conselho de Ética e deve dominar os debates internos da Alego nos próximos dias.