SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há pouca novidade na história do novo “Lilo e Stitch”. O filme original é replicado quase que tim-tim por tim-tim —uma garota solitária encontra em um alienígena sapeca o amigo que sempre pediu. A principal diferença é que nesta versão ela é feita por uma atriz de verdade, e não desenhada num computador, como na animação de 2002. Stitch ainda é um bicho digital, claro, mas agora executado numa pegada realista.

Apesar disso, fãs mais apegados certamente vão perceber mudanças feitas pelo diretor Dean Fleischer Camp. O caso mais notável é o dos alienígenas Jumba e Pleakley, que desta vez passam a maior parte do tempo transformados em homens, vividos pelos atores Zach Galifianakis e Billy Magnussen. A dupla dá o tom de comédia do desenho antigo graças aos disfarces toscos que criam para andar entre os humanos —Pleakley, por exemplo, veste perucas, batom e cílios postiços.

Dá certo porque se trata de uma animação infantil, livre para imaginar sem tanta amarra à verossimilhança. O mesmo não funcionaria em um filme live-action, se defende o diretor, que precisou inventar uma forma mais crível de encaixar Jumba e Pleakley na trama. “Às vezes é preciso fazer esse tipo de sacrifício em uma adaptação, e algumas decisões podem desagradar parte do público”, diz.

O cineasta eliminou ainda outro personagem, também extraterrestre, que deve fazer falta para alguns. Mas Camp diz que os fãs serão recompensados com “elementos que não estariam lá se tivéssemos tentado fazer tudo com fidelidade à animação”.

Cerca de 20 minutos mais longo que o “Lilo e Stitch” original, este se aprofunda na relação entre Lilo e sua irmã, Nani, que ganha mais personalidade e uma trajetória própria. As duas são interpretadas por Maia Kaeloha e Sydney Agudong, nesta ordem.

Na trama, Lilo é uma garota solitária, que perdeu os pais, não tem amigos, e vive em pé de guerra com a irmã. Nani, por sua vez, sonha em virar bióloga marinha, mas antes precisa convencer uma assistente social de que é capaz de criar Lilo sozinha. A vida das duas se torna um caos quando Stitch, um alienígena azulado, chega ao Havaí, onde elas moram, foragido da polícia intergaláctica.

O personagem vem sendo usado à exaustão na divulgação do filme, e não à toa. No último ano, Stitch virou febre no varejo, estrela de uma quantidade imensa de produtos licenciados, renovando a obsessão de fãs antigos e se tornando mascote da geração atual.

“Stitch virou mesmo um zeitgeist, e isso nos deu impulso para tirar o filme do papel. Em 2022 a Disney notou que isso estava acontecendo com ele, e me fez escolher um diretor para o live-action”, conta o produtor Jonathan Eirich. Os dois são fãs do “Lilo e Stitch” original, este dirigido por Chris Sanders e Dan DeBlois, que nos últimos anos esteve ocupado com outro live-action, o de “Como Treinar o Seu Dragão”, da Dreamworks.

A explosão de popularidade de Stitch fez inclusive a Disney mudar a rota do filme. Antes programado para sair no streaming, onde o estúdio largava seus live-actions de menos pedigree, como “Peter Pan” e “A Dama e o Vagabundo, “Lilo e Stitch” passou no teste e foi promovido às telonas.

“Sempre sonhamos com as sala de cinema, mas antes consideramos o streaming porque a ideia para o filme surgiu no final da pandemia de coronavírus, e à época era onde podíamos encontrar a maior parte do público”, conta Eirich, o produtor. “Mas aí começamos a gravar, em locações no Havaí, e vimos que teria mesmo escopo de cinema.”

Em meio a uma fase fraca da Disney nos cinemas, com “Branca de Neve” lançado sob um amontoado de polêmicas, “Lilo e Stitch” surge como aposta certeira nas bilheteiras, com potencial até para fazer um bilhão de dólares, marca que o estúdio tem tido dificuldade de alcançar.

LILO E STITCH

– Quando Estreia em 22/5 nos cinemas

– Elenco Billy Magnussen, Hannah Waddingham e Tia Carrere

– Produção EUA, 2025

– Direção Dean Fleischer Camp