SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (21) que os cortes promovidos por seu governo na Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e em seus programas de ajuda ao redor do mundo foram devastadores.

Ao lado do presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que estava em uma visita à Casa Branca, Trump foi questionado por um repórter sobre os impactos significativos desses cortes em países da África.

“É devastador, e espero que muitas pessoas comecem a gastar muito dinheiro”, disse o americano.

“Conversei com outras nações. Queremos que elas também contribuam e gastem dinheiro, porque nós já gastamos muito. E é um problema grande -é um problema tremendo em muitos países. Muitos problemas acontecendo. Os Estados Unidos sempre recebem pedidos de dinheiro. Ninguém mais ajuda.”

O Departamento de Estado, responsável pela gestão da Usaid, não comentou a declaração. O governo tem defendido repetidamente os cortes, dizendo que buscavam eliminar desperdícios. A desestruturação da agência, atualmente sob a supervisão do bilionário Elon Musk, é alvo de vários processos federais.

Os Estados Unidos são de longe a nação que mais contribui com ajuda externa, tendo desembolsado mais de US$ 62 bilhões a outros países e projetos internacionais. Em termos de proporção do PIB (produto interno bruto), no entanto, Washington cai para a 25ª posição em uma lista de 31 países-membros do Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da OCDE, o clube dos países ricos.

No ano passado, o país destinou US$ 61 bilhões à assistência externa, pouco mais da metade por meio da Usaid, segundo dados do governo. Em 2023, os EUA gastaram meio bilhão de dólares em ajuda à África do Sul, principalmente na área da saúde, de acordo com os dados mais recentes. A maior parte desse financiamento foi retirada, embora não esteja claro exatamente quanto.

Os cortes afetaram a resposta do país à epidemia de HIV. A África do Sul possui a maior carga de HIV do mundo, com cerca de 8 milhões de pessoas -uma em cada cinco adultas- vivendo com o vírus.

Antes dos cortes, Washington financiava 17% do orçamento sul-africano voltado ao HIV. Desde então, houve queda na testagem e no monitoramento de pacientes com HIV em todo o país, conforme relatado pela agência de notícias Reuters.