SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Trabalhadores do Metrô de São Paulo começaram a votar na noite desta quarta (21) a possibilidade de greve, com início na próxima terça-feira (27). Isso apesar de o Sindicato dos Metroviários ter recomendado que a categoria aceite a proposta da empresa estatal para a campanha salarial de 2025.

A votação, que vai durar 24 horas, e foi decidida após assembleia na nova sede do sindicato, no Belém, zona leste paulistana.

A proposta do Metrô, segundo o sindicato, foi enviada cerca de duas horas antes da assembleia.

Entre outros, o Metrô propôs 5,01% de reposição salarial, de acordo com inflação medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor).

Do reajuste, 4,1% serão pagos agora. O 1% restante será usado durante um ano para evitar aumento no plano de saúde da categoria.

Segundo Camila Lisboa, presidente do sindicato, o Metrô propôs renovação por dois anos do acordo coletivo que venceu em abril passado -entre outros ele prevê reajuste ao menos pelo índice do IPC.

“Nós defendemos que essa proposta é excelente”, disse ela, sobre a extensão do acordo coletivo.

Houve críticas à proposta do Metrô e foi apresentada proposta de indicativo de greve para a próxima terça-feira (27), com assembleia na véspera.

Os projetos do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de concessão das linha 1-azul, 3-vermelha e 15-prata foram bastante criticados na assembleia.

“Vamos enfrentar os planos de privatização do governador Tarcísio. Manter o acordo coletivo faz parte da batalha contra a privatização”, disse Camila.

O governo Tarcísio desenvolve um plano de expansão do transporte no estado. Ao mesmo tempo, estuda a possibilidade de privatizar a gestão de todas as linhas hoje administradas pelo setor público (1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata) e descarta a construção de qualquer novo ramal sob administração direta.

Essa não é a primeira vez que a concessão das linhas do metrô entra na pauta das assembleias da categoria. Em maio do ano passado, quando os metroviários ameaçaram parar durante a campanha salarial, o tema acabou discutido.

No último mês de março, ferroviários suspenderam uma greve que havia sido aprovada nas linhas 11-coral, 12-safira e 13-jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), contra a concessão dos ramais, que acabaram leiloados no dia seguinte.

Na semana passada, durante um protesto em frente à estação Capão Redondo, da linha 5-lilás, que é administrada por gestão privada, metroviários criticaram as concessões. O movimento foi após a morte de Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, 35, que ficou preso entre as portas do trem e da plataforma na estação Campo Limpo, na zona sul paulistana.

Além da assembleia, o Sindicato dos Metroviários inaugura na noite desta quarta-feira um espaço em sua nova sede, no Belém, na zona leste.

O local, de acordo com o sindicato, tem um amplo espaço aberto que pode servir, por exemplo, para grandes assembleias, além de festas e reuniões.