Walison Veríssimo
O racha no PL de Goiás deixou de ser assunto de bastidor e virou confronto público entre as principais lideranças da legenda no Estado. No centro da crise está o vereador por Goiânia Major Vitor Hugo, que foi duramente criticado pelo deputado federal Gustavo Gayer, pelo senador Wilder Morais e, nos bastidores, recebeu uma cobrança direta do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo fontes da cúpula liberal, Bolsonaro telefonou a Vitor Hugo na manhã de segunda-feira (20) e foi direto: ou ele encerra as articulações paralelas que contrariam os interesses do partido ou será expulso. A conversa teve tom ríspido. Bolsonaro teria dito que enfrenta dificuldades pessoais e jurídicas, e que não aceitará mais divisões internas no partido em Goiás. A orientação foi clara: Vitor Hugo deve mirar a disputa por uma vaga de deputado federal em 2026 e parar de tensionar o grupo com projetos individuais.
A cobrança veio após uma edição especial do programa Papo Aberto, da TV Capital, onde Gayer e Wilder escancararam o isolamento político de Vitor Hugo dentro da sigla. Em rede aberta, Gayer chamou o vereador de “covarde”, o acusou de agir pelas costas e de usar a imagem de Bolsonaro como ferramenta de promoção pessoal. “Você é um câncer dentro do partido”, disparou. “Você achou que eu nunca ia falar nada porque é amigo do Bolsonaro? Pois agora eu falo: peça pra sair.”
Na mesma linha, o senador Wilder Morais foi categórico. Disse que Vitor Hugo não faz mais parte do grupo político que lidera o PL em Goiás e o classificou como “catitu fora do bando” — expressão popular que se refere a quem se isola do coletivo e perde espaço. “Preferiu andar sozinho”, resumiu.
A resposta institucional do partido veio através do vice-presidente do PL em Goiás, Fred Rodrigues. Em declaração à coluna, ele afirmou que a permanência de Vitor Hugo na sigla “depende somente dele”. “As tentativas constantes de utilizar o PL para benefício próprio, desmerecendo o trabalho feito e o projeto que o partido tem para Goiás, levantaram dúvidas quanto à lealdade e ao comprometimento”, afirmou.
Fred também deixou claro que há sintonia total entre o PL estadual e o nacional. “O recado que foi passado é de um basta nessas articulações anti-PL. Se ele respeitar, continuará no partido.”