SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apenas 11,6% dos filmes de sucesso dos últimos dez anos foram dirigidos por mulheres, segundo novo estudo da Universidade do Sul da Califórnia, a USC Annenberg.
A pesquisa considerou longas-metragens que arrecadaram mais de US$ 1 milhão nas bilheterias entre 2015 e 2024. Dos 11 países analisados, nenhum está próximo de uma divisão igualitária.
Na média geral do período, os países que tiveram maior parcela de mulheres diretoras foram Alemanha (18,7%), Reino Unido (18,5%) e Austrália (18,3%). Nos últimos lugares da lista ficaram Índia (4,9%), Japão (4,7%) e Coreia (9,1%).
A diversidade racial também foi pouco expressiva –apenas 3,8% eram mulheres não brancas. Considerando apenas o grupo feminino, a parcela foi de 32,5%, em média.
Os países com maior crescimento na porcentagem de diretoras mulheres entre 2015 e 2024 foram Reino Unido (de 8,3% para 32,3%), Coreia (de zero para 17,1%) e Canadá (de 9,1% para 20%).
O estudo também avaliou a programação de festivais de cinema de seis países nos últimos dez anos: mulheres dirigiram 27,8% dos longas-metragens exibidos.
A distribuição variou conforme o festival: o Festival Sundance, nos Estados Unidos, registrou a maior porcentagem, de 34,7%, seguido pelo Festival de Berlim, com 30,3%, e o de Toronto, com 29,4%. Os festivais com menores parcelas foram o de Londres, com 25,9%, o de Cannes, com 21,6% e o de Veneza, com 20,5%.
Das diretoras que apresentaram filmes nos festivais, 41% eram mulheres não brancas. A programação com menos diretoras não brancas foi a de Cannes (29,9%).
No Brasil, os dados sobre a cadeia produtiva do audiovisual são reunidos no Anuário Estatístico do Audiovisual Brasileiro, da Ancine, a Agência Nacional do Cinema.
O último levantamento demonstrou que, em 2023, mulheres dirigiram 23,6% dos longas-metragens exibidos em cinemas no país, contra 64,6% dos homens. Os restantes 11,8% tiveram direção mista (homens e mulheres) ou não apresentavam informação.
Por outro lado, as mulheres foram maioria na direção de arte (52,2%) e na produção executiva (57%) dos filmes brasileiros.
A remuneração média do audiovisual brasileiro também foi desigual: os homens receberam, em 2023, 14% a mais do que as mulheres no setor.