SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O plenário da Câmara dos Deputados teve um momento inusitado nesta terça-feira (20). O deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) subiu à tribuna com uma boneca reborn nos braços e aproveitou o momento para fazer um apelo duplo: defendeu a liberdade de quem se apega a esse tipo de brinquedo, mas pediu atenção às “crianças de verdade” que vivem em situação de abandono no Brasil.

“Estou aqui com minha neta, bebê ‘esborni’, sei lá como é o nome, para dizer ao Brasil que não é pecado”, disse, segurando a boneca no colo.

Ele reforçou que não há problema em adultos se afeiçoarem a esse tipo de objeto, desde que isso não interfira em serviços públicos ou comprometa prioridades sociais. “Brinquem à vontade, mas sem atrapalhar o SUS ou pedir bênção para silicone”, afirmou.

Segundo o deputado, é preciso ter equilíbrio e senso de responsabilidade. “Cada um tem o direito de brincar com seus bonecos e bonecas, mas não devemos esquecer das crianças de carne e osso, feitas por Deus, que estão passando fome e frio em abrigos e orfanatos”, discursou.

Ele também criticou gastos excessivos com enxovais de brinquedo enquanto crianças reais carecem de assistência.

As bonecas reborn são itens produzidos artesanalmente com silicone ou vinil e se destacam pelo visual extremamente realista —muitas vêm com enxoval completo, acessórios e podem até simular o parto em lojas especializadas. Embora ainda sejam vendidas para crianças, têm conquistado um público adulto cada vez maior.

Com o crescimento dessa tendência, o tema tem chamado a atenção também no Congresso. Na última sexta-feira (16), a deputada Rosangela Moro (União-SP) apresentou um projeto de lei que propõe atendimento psicológico pelo SUS a pessoas que desenvolvam vínculos considerados disfuncionais com bonecas reborn.