PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Com a confirmação de casos de gripe aviária no Parque Zoológico de Sapucaia do Sul, uma força-tarefa de autoridades sanitárias deu início a uma operação emergencial para conter o avanço da doença no maior zoológico do Rio Grande do Sul.
Até a tarde desta terça-feira (20), 104 animais morreram no zoológico em decorrência da doença. De acordo com a Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura), os casos foram identificados em cisnes, patos e marrecas.
O Parque Zoológico de Sapucaia do Sul fica localizado a 34 km de Porto Alegre, às margens de um dos trechos mais movimentados da rodovia BR-116 no estado. O zoológico é administrado pela Sema e está fechado para visitação desde quarta-feira (14) por tempo indeterminado.
A ocorrência de gripe aviária no Rio Grande do Sul foi confirmada na manhã de sexta-feira (16) em uma granja no município de Montenegro, a cerca de 50 km do zoológico. É o primeiro contágio registrado do vírus H5N1 em uma granja comercial no Brasil.
Na tarde do mesmo dia, casos de infecção foram confirmados em aves no zoológico. O contágio causou preocupação devido à variedade de espécies no local.
O zoológico abriga uma diversidade de mais de 60 aves, desde pequenos pássaros da fauna brasileira, como o cardeal e o corrupião, até espécies de maior porte. Entre elas, destacam-se a ema, a maior ave nativa do Brasil, e a avestruz, originária da África e considerada a maior ave do mundo.
Outras espécies de destaque incluem o emu e o casuar, grandes aves exóticas vindas da Austrália e da Nova Guiné, além de pavões, flamingos e tucano-de-bico-verde. O espaço ainda se dedica à preservação de animais ameaçados de extinção, como a arara-azul-grande, o condor-dos-andes e o papagaio-de-peito-roxo.
“As demais espécies do parque seguem sob monitoramento constante da equipe veterinária da Sema, com coleta de dados clínicos e acompanhamento diário. A vigilância epidemiológica inclui a observação contínua de sinais compatíveis com a doença, com base em protocolos nacionais e internacionais de sanidade animal”, disse a secretaria do Meio Ambiente em nota.
Até o momento, o caso está restrito a cisnes, marrecas e patos, sem informações sobre quais espécies foram atingidas.
O zoológico abriga cisnes-brancos, cisnes-negros e cisnes-de-pescoço-preto, além de quatro tipos de marrecos: marreca-irerê, marreca-pé-vermelho, marreca-caneleira e marreca-de-coleira. Há ainda três espécies de patos: o pato-carolino, o pato-do-mato e o pato-mandarim.
Mais de 500 aves aquáticas estão isoladas nas áreas do zoológico onde os casos foram identificados. Não houve registro da doença em outros animais de hábitos semelhantes, como o ganso africano e a garça-vaqueira.
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente informou que o número de servidores com circulação no parque foi reduzido pela metade, e que os cuidados e a alimentação dos animais estão garantidos. O acesso é permitido somente às equipes técnicas autorizadas da força-tarefa.
O manejo sanitário das aves afetadas é coordenado pela Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação), assim como a destinação das carcaças dos animais para enterro valas preparadas de acordo com diretrizes de órgãos sanitários e da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental).
O uso de EPIs (Equipamentos de proteção individual) para os pés, máscaras e vestimentas específicas para o manejo é obrigatório, e é feita a desinfecção de calçados, equipamentos e veículos utilizados na área.
Os servidores envolvidos nas ações de contenção e no manejo de animais vão receber monitoramento clínico da SES (Secretaria Estadual da Saúde) por um período mínimo de 10 a 14 dias.
Na segunda-feira (19), a secretária estadual do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann, se reuniu novamente com representantes da força-tarefa e da equipe do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul para reafirmar orientações técnicas de segurança que estarão em vigor enquanto o Rio Grande do Sul estiver sob estado de emergência sanitária.
Os protocolos seguem o Plano de Contingência para Emergências Zoossanitárias do Ministério da Agricultura.