SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma semana depois de ficarem azuis, após vazamento de corante atingir o lago do Parque Botânico Tulipas Professor Aziz Ab’Saber, em Jundiaí (a 58 km de São Paulo), os três gansos e o pato resgatados do local aos poucos têm de volta a coloração natural.

Isso, graças a dois banhos diários com água morna e sabão neutro, em uma operação que envolve até cinco pessoas, entre veterinários e funcionários da Associação Mata Ciliar, para onde foram levados –a organização é referência nacional no tratamento de animais silvestres.

De acordo com o engenheiro agrônomo Jorge Bellix de Campos, presidente da associação, além dos banhos, as aves resgatadas são tratadas com carvão ativado para reduzir os efeitos de uma possível contaminação.

Outros cerca de 30 patos e gansos, além de aves, como garças e frangos d´água, que não foram resgatados pela dificuldade de captura, além de aproximadamente 15 capivaras, continuam no parque.

Esses animais são observados ao menos duas vezes ao dia para saber se, além da coloração azul, há mudança de comportamento e física.

Ainda não se sabe a dimensão de um possível efeito tóxico do produto químico, que pode ter sido mais ou menos diluído pelo grande volume de água -além do lago, o corante pintou de azul o rio Jundiaí, que também abastece cidades vizinhas, como Itupeva, Salto e Indaiatuba.

Segundo Campos, a Mata Ciliar deve interromper os banhos diários dos animais resgatados, pois as partes mais sensíveis, como o bico das aves, voltaram à coloração normal.

“Estamos avaliando se compensa ficar estressando [os animais], pois agora estão apenas com cerca de 15% do corpo coberto [pelo cortante]. Pode-se deixar para a troca natural de pena”, afirma.

Não há data para voltarem ao parque. “Poderíamos levá-las para uma área que não foi atingida pela contaminação, mas elas são territorialistas e migrariam para seu habitat”, diz.

A carga do produto químico que atingiu o lago estava em um caminhão que na terça-feira passada (13) bateu em um poste próximo ao parque e se espalhou quando a carroceria tombou. Patos e gansos que nadavam no local ficaram azuis. Ao menos cem peixes morreram.

Segundo a Prefeitura de Jundiaí, devido à grande quantidade derramada, o produto escoou até uma boca de lobo localizada a cerca de 50 metros do local do impacto. Ela tem ligação direta com o córrego do Jardim das Tulipas, que atravessa o parque do bairro e deságua no rio Jundiaí.

Em nota, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado) afirma que não há mais presença de corante no leito do rio Jundiaí e que nesta semana irá elaborar o relatório da ocorrência, que define as penalidades cabiveis.

Também em nota, a Prefeitura de Jundiaí diz que tem acompanhado de forma contínua o caso, com o encaminhamento imediato de equipes técnicas aos pontos afetados.

A força-tarefa com os órgãos ambientais atua diariamente no monitoramento da água -incluindo parâmetros como o pH –e na avaliação dos danos ambientais.

O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil para apurar o vazamento de corante azul.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, o motorista, de 49 anos, relatou que havia estacionado o veículo em uma via com declive, quando o caminhão começou a descer sozinho e acabou colidindo contra o poste.

O caso foi registrado como causar poluição de qualquer natureza no plantão do 1º Distrito Policial de Jundiaí.