Apesar da detecção de dois focos de gripe aviária no Rio Grande do Sul e da suspensão das exportações de frango brasileiro por mais de 15 países, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira (19) que o impacto sobre o preço da carne de frango no mercado interno deve ser mínimo. Segundo ele, o país está bem preparado para lidar com a situação e há confiança na estabilidade do setor.
“Pode haver alguma oscilação temporária nos preços, talvez até uma queda leve, caso haja excesso de oferta por alguns dias. Mas a tendência é de reequilíbrio rápido. A produção nacional é majoritariamente destinada ao consumo interno, e temos protocolos bem estabelecidos com os países importadores”, explicou Fávaro durante entrevista coletiva.
O Brasil é atualmente o maior exportador mundial de carne de frango, com 5,2 milhões de toneladas vendidas em 2024, movimentando quase US$ 10 bilhões. Cerca de 35% da produção é exportada, sendo que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul concentram mais de três quartos desses embarques. Os principais compradores são China, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes, União Europeia, entre outros.
Casos sob controle e protocolo de 28 dias
O ministro reforçou que os dois focos confirmados — um em uma granja comercial de Montenegro e outro no zoológico de Sapucaia do Sul — estão isolados, e medidas de contenção estão em curso. Segundo ele, será necessário aguardar um período de 28 dias sem novos registros da doença para que o Brasil possa comunicar à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) sua condição sanitária e buscar o restabelecimento das exportações.
Sete países, como México, Coreia do Sul, Chile e Argentina, já suspenderam oficialmente as compras de frango brasileiro. Outros 10, por força de acordos sanitários, interromperam automaticamente os embarques. Alguns mercados, como Arábia Saudita e Japão, limitaram a suspensão apenas ao estado gaúcho ou ao município de Montenegro.
Impacto geograficamente restrito
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Marcel Moreira, minimizou os efeitos econômicos da suspensão: “Os protocolos preveem restrições em um raio local, e não há produção comercial nas áreas mais próximas aos focos. Por isso, o impacto é praticamente nulo em termos de exportações de larga escala.”
Monitoramento em tempo real e ações rápidas
Fávaro e o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, destacaram a robustez do sistema de vigilância sanitária brasileiro, com um painel público que é atualizado duas vezes ao dia com informações sobre síndromes respiratórias e nervosas em aves. Desde 2023, mais de duas mil suspeitas de gripe aviária foram investigadas, com transparência e resposta rápida.
Na região de Montenegro, onde surgiu um dos focos, 310 das 538 propriedades rurais já foram vistoriadas. Foram sacrificadas cerca de 17 mil aves, além da destruição de 70 mil ovos. A rastreabilidade dos últimos 30 milhões de ovos férteis enviados da propriedade afetada está em andamento, e parte já está sendo descartada preventivamente.
“Foi uma questão de tempo até o vírus chegar, pois circula no mundo há quase duas décadas. Mas nosso sistema está pronto para responder com eficiência. Isso não é suposição — é prática consolidada”, concluiu o ministro.