WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos realizaram nesta segunda-feira (19) o primeiro voo do “programa de autodeportação” lançado pelo governo de Donald Trump. A aeronave partiu do Texas com 64 imigrantes a bordo e teve como destino final Honduras e Colômbia.
O projeto, chamado oficialmente de “Volta ao Lar”, foi estabelecido por decreto em 9 de maio e faz parte da política migratória linha-dura adotada por Trump desde o início de seu segundo mandato.
Diferentemente da deportação tradicional, em que as autoridades removem de forma compulsória uma pessoa em situação irregular, a autodeportação ocorre quando o próprio imigrante opta por deixar o país. No caso do novo programa, essa saída é incentivada com ajuda financeira e apoio logístico para a viagem.
Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), cada um dos 64 imigrantes recebeu US$ 1.000 (cerca de R$ 5.658) para deixar os EUA. Também existe a promessa de que, no futuro, eles poderão voltar ao país de forma legal, o que não ocorreria caso eles fossem capturados e expulsos pelos agentes.
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, disse que o voo marca um novo capítulo na política migratória americana. “Hoje, o DHS realizou o primeiro voo do projeto Volta ao Lar com 64 pessoas que voluntariamente decidiram se autodeportar para seus países de origem”, escreveu ela em nota oficial.
O governo Trump ameaça impor “consequências severas” aos imigrantes sem a documentação em dia que se recusem a sair de forma voluntária. Segundo o decreto, as pessoas que permanecerem de forma irregular nos EUA estarão sujeitas a expulsão forçada, ações penais, encarceramento, multas, embargo de salários, além de confisco de propriedades e bens pessoais, incluindo moradias e veículos.
Dos 64 imigrantes do primeiro voo, 38 foram levados a Honduras, e 26 à Colômbia. No primeiro país eles serão atendidos pelo programa “Irmão, Irmã, Volte para Casa”, que oferece ajuda financeira adicional de US$ 100 (cerca de R$ 565) para maiores de 18 anos, vouchers de alimentação e apoio para recolocação profissional. No segundo, os deportados terão acesso a serviços sociais básicos.
A autodeportação não é um conceito novo, mas o governo Trump inova ao combinar incentivos financeiros com ameaças legais. O objetivo, segundo o DHS, é diminuir os gastos com as deportações forçadas e acelerar a saída de imigrantes em situação irregular. O custo médio de prender, deter e deportar alguém sem status legal atualmente é de cerca de US$ 17 mil (R$ 95 mil), segundo o DHS.
O governo Trump considera criminosos todos os migrantes que entraram sem visto nem permissão, e também alguns dos que abriram processos de solicitação de asilo durante o mandato de Biden.
Segundo dados oficiais, 11 milhões de migrantes em situação irregular ou com status temporário viviam nos EUA em 2022.
Em março, o governo lançou um aplicativo rebatizado chamado CBP Home para facilitar a autodeportação. Uma versão anterior do aplicativo, o CBP One, foi usado pelo governo Biden para permitir que migrantes entrassem legalmente nos EUA com o agendamento de uma audiência com autoridades.