BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) afirmou nesta segunda-feira (19) que três dos sete casos suspeitos de infecção por influenza aviária de alta patogenicidade foram descartados. Trata-se de suspeitas em criações de subsistência, e não comerciais, em Nova Brasilândia (MT), Gracho Cardoso (SE) e Triunfo (RS).

Os casos investigados em granjas comerciais de Aguiarnópolis (TO) e Ipumirim (Santa Catarina) permanecem em investigação, além de outra suspeita em produção de subsistência no Ceará e Instância Velha, no Rio Grande do Sul.

O primeiro foco confirmado em uma granja comercial ocorreu na semana passada em Montenegro (RS). Também foi confirmado um segundo foco em um zoológico em Sapucaia do Sul (RS). As duas cidades ficam na região metropolitana de Porto Alegre.

O material coletado nas áreas de suspeita é analisado no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, no município de Campinas (SP).

Em encontro com jornalistas, em Brasília, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que, atualmente, há diferentes critérios de corte de exportação em vigor, conforme o protocolo mantido entre o Brasil e cada país ou bloco comprador.

“O sistema brasileiro é, sem sombra de dúvida, o melhor sistema mundial de defesa agropecuária. O vírus circula no mundo há 19 anos. É a primeira vez que aparece no Brasil”, disse Fávaro.

No caso da China e da União Europeia, que soma 27 países, o protocolo define que o Brasil tem que paralisar as exportações nacionais, imediatamente. Por isso, essa medida foi adotada. Outros países comunicaram a paralisação nacional por decisão própria. Foi o caso de México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina.

Cuba, Bahrein e Reino Unido paralisaram a importação do estado do Rio Grande do Sul. Já o Japão, que é um os maiores compradores de carne de frango do país, fez a paralisação das compras do município de Montenegro, mantendo as demais. Muitos países limitaram suas compras a apenas um raio de 10 quilômetros de raio ao redor da granja onde o foco foi detectado. Foi o caso de Cingapura, Filipinas, Jordania, Hong Kong, Índia, Paraguai, Vietnã.

O Mapa ainda realiza coletas neste raio de 10 quilômetros. Segundo comunicado feito no domingo (18), na área perifocal (a um raio de 3 quilômetros), os peritos vistoriaram 29 das 30 propriedades listadas. Na área de vigilância (raio entre 3 quilômetros e 7 quilômetros), houve vistoria de 238 das 510 propriedades.

Ao todo, o Brasil exporta frango para cerca de 160 países. O esforço do governo é fazer com que os países adotem os programas de regionalização. “Estamos trabalhando na revisão dos protocolos para a regionalização. Uma das principais preocupações é a robustez do sistema”, disse Fávaro.

Na propriedade onde surgiu o foco, já ocorreu o descarte de todas as aves e de seus ovos e está sendo realizada a limpeza e desinfecção de todas as instalações. “Os ovos, provenientes da propriedade foco, foram completamente rastreados e a sua destruição está em andamento, para então se iniciar o processo de limpeza e desinfecção dos três incubatórios”, afirmou o Mapa.

A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul não divulgou o nome da granja onde foi confirmado o caso da doença. O local, que era voltado para a produção de ovos férteis (ovos para obter pintinhos), tinha cerca de 17 mil aves.

Carlos Fávaro disse que, por enquanto, o Mapa não vê necessidade de pedir recursos extraordinários para lidar com a crise sanitária, mas afirmou que a possibilidade de tomar medidas que incluam outras questões sanitárias envolvendo vegetais podem levar a um eventual pedido para complementar o orçamento.

O ministro declarou que defende a criação de fundo com recursos para lidar com crises sanitárias como a atual, em apoio a produtores, ideia que ainda não tem um projeto específico. Afirmou, ainda, que não vê impacto das paralisações na exportação sobre o preço da carne de frango e do ovo no Brasil, já que 70% da carne é consumida internamente. No caso do ovo, chega a 99% do total produzido.