SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ViaMobilidade começou a preparar portas de plataforma da linha 5-lilás do metrô de São Paulo para a instalação de barreiras físicas e, assim, tentar impedir que pessoas fiquem prensadas junto aos trens.

No último dia 6, Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, 35, morreu após ficar preso entre as portas do trem e da plataforma na estação Campo Limpo, na zona sul paulistana.

O projeto, desenvolvido pela própria empresa, começou a ser instalado após autorização da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), responsável pela regulação das concessões estaduais.

Conforme a concessionária, a instalação começou na última sexta-feira (16) na estação Capão Redondo, também na zona sul, por ter sido utilizada nos testes do protótipo e já contar com as medições necessárias. O projeto foi desenvolvido pela própria empresa.

Conhecidas como gap fillers, de acordo com a ViaMobilidade, as barreiras são estruturas fabricadas sob medida para reduzir o vão entre o trem e a plataforma.

No total, foram encomendadas 3.500 unidades, diz a empresa.

A instalação será realizada durante o período noturno, para evitar impacto na operação, com previsão de conclusão em até 90 dias.

As 17 estações da linha 5-lilás receberão os equipamentos, com os trabalhos avançando gradualmente após a finalização em Capão Redondo.

O Metrô de São Paulo, sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), postergou a decisão de instalar barras de segurança que poderiam evitar acidentes nas portas das plataformas.

Documentos confirmados pela Folha mostram que a ViaMobilidade, ligada ao grupo CCR, cobrava desde 2023 a aprovação da instalação do equipamento de segurança.

Naquele ano, dois passageiros haviam ficado presos entre as portas do trem e da plataforma, nas estações Giovanni Gronchi e Campo Limpo. Em 2022, houve um acidente semelhante na estação Santa Cruz e, um ano antes, na Chácara Klabin. Ninguém morreu ou ficou gravemente ferido.

Em novembro do ano passado, a concessionária chegou a marcar uma reunião para apresentar uma solução a representantes da Secretaria de Parcerias e Investimentos e do Metrô, mas os representantes da companhia estatal não compareceram.

A solução proposta era a instalação dos gap fillers. O equipamento impossibilitaria que um passageiro fique preso entre as duas portas.

O Metrô alegou, em respostas à concessionária, que esperava a solução da empresa responsável pelo fornecimento de portas de plataforma e dos trens. O equipamento desenvolvido pelo fornecedor só seria recebido em junho deste ano e, após a aprovação, seria repassado para a concessionária. Em novo ofício, o prazo foi postergado para outubro.

Na semana passada, ao ser questionado, o Metrô disse que havia aberto uma sindicância para apurar o acidente e que havia pactuado com fornecedor e com a operadora da linha-5 a instalação, em até 90 dias, de barreiras físicas do tipo gap filler nas 17 estações da linha, com o objetivo de diminuir a distância entre as portas de plataforma e os trens.