RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um policial civil da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), a tropa de elite da instituição, foi morto na manhã desta segunda-feira (19) durante uma operação na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio.

José Antônio Lourenço foi baleado no rosto durante um tiroteio e levado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Ele passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. Lourenço já foi subsecretário de Ordem Pública do Rio e era diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis.

A equipe que o agente fazia parte dava apoio à uma ação que mirava fábricas ilegais de gelo na comunidade.

O objetivo, segundo as autoridades, era apurar crimes ambientais e contra o consumidor, após denúncias de venda de gelo contaminado por coliformes fecais.

Após a morte, mais de 50 viaturas foram mobilizadas para reforçar o cerco na região. A operação se estendeu até a vizinha Gardênia Azul, para onde os suspeitos teriam fugido.

De acordo com a Polícia Civil, os policiais foram atacados por traficantes do Comando Vermelho.

O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, classificou o ataque como “um atentado terrorista contra o Estado” e afirmou que as forças de segurança “não sairão” até localizar os responsáveis.

Durante a operação, criminosos atearam fogo em barricadas e bloquearam vias, o que levou à interdição da Linha Amarela, importante ligação da zona oeste com outras regiões da cidade.

A via foi fechada por volta das 12h, no sentido Fundão, e liberada cerca de 30 minutos depois. Assustados com o tiroteio, motoristas abandonaram seus carros e se jogaram no chão para se proteger. Policiais fortemente armados se posicionaram entre os veículos. O trânsito chegou a ser afetado até a avenida Ayrton Senna, na Barra.

Devido à violência, a Secretaria Municipal de Educação suspendeu as aulas no turno da tarde em todas as escolas da rede localizadas na Cidade de Deus. Pela manhã, crianças precisaram se abaixar nos corredores de uma escola para se proteger dos tiros. A Secretaria Estadual de Educação também fechou uma unidade na região.

Três unidades de saúde foram fechadas temporariamente, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Ao menos 19 linhas de ônibus tiveram o trajeto alterado. A Rio Ônibus informou que este é o quinto episódio de violência que impacta a circulação dos coletivos na cidade apenas em maio.

A ação policial, chamada Operação Gelo Podre, é um desdobramento de ações realizadas em fevereiro, quando uma força-tarefa vistoriou distribuidoras de gelo que abastecem quiosques e bares da Barra e do Recreio. Testes realizados pela Cedae identificaram contaminação em uma fábrica localizada na Cidade de Deus.

Durante a operação desta segunda, a polícia fiscalizou dois endereços: uma fábrica na comunidade e uma distribuidora na Barra da Tijuca. Um laboratório móvel da Cedae também foi levado ao local para análise de novas amostras.