SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou nesta segunda-feira (19) a suspensão de voos com a Colômbia após, de acordo com a sua versão, mercenários usarem essa via para entrar no país e tentar sabotar as eleições parlamentares e regionais do próximo domingo (25).

“Descobrimos um novo complô de conspiração e terrorismo e capturamos um grupo de venezuelanos que estavam retornando ao país com artefatos explosivos”, afirmou Cabello ao anunciar a prisão de 38 pessoas, 17 delas estrangeiras. “Demos instruções para suspender imediatamente todos os voos da Colômbia para a Venezuela.”

De acordo com o ministro, os supostos mercenários chegaram ao país “vindos da Colômbia”, embora tenham partido originalmente de outros países. Alguns também teriam sido capturados na fronteira terrestre. O plano, continuou, era atacar embaixadas, hospitais e postos policiais.

A paralisação deve se manter pelo menos até o pleito, segundo Cabello, e não há data para as operações voltarem ao normal. O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da agência de notícias Reuters.

A votação deve eleger 285 deputados, 24 governadores e 260 legisladores regionais.

Os voos entre os dois países haviam sido retomados em 2022, após quatro anos de suspensão —em 2018, o então líder colombiano, Iván Duque, decidiu romper com o ditador Nicolás Maduro e reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da nação vizinha. Refazer os laços com Caracas foi uma das prioridades da campanha do atual presidente da Colômbia, Gustavo Petro.

O anúncio segue a cartilha usual do regime venezuelano —denunciar ataques contra alvos como Maduro e acusar a oposição de estar por trás da conspiração. Desta vez, Cabello vinculou o grupo de supostos mercenários à líder da oposição, María Corina Machado, o ex-chefe da Polícia de Caracas Iván Simonovis e o ex-oficial da Guarda Nacional Bolivariana Arturo José Gómez Morán.

Impedida de concorrer, María Corina foi o principal cabo eleitoral de Edmundo González, representante da oposição, nas eleições de julho do ano passado. A ditadura afirma que Maduro venceu a disputa, tendo sido reeleito com 52% dos votos, mas nunca divulgou as atas eleitorais que comprovariam esse resultado, a despeito de ampla pressão doméstica e internacional.