SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, convidou o recém-empossado papa Leão 14, primeiro pontífice americano da história e um crítico das políticas migratórias do governo de Donald Trump, a visitar seu país natal como líder da Igreja Católica.

O convite foi feito por meio de uma carta assinada por Trump e pela primeira-dama Melania e entregue por Vance durante um encontro com o conterrâneo no Vaticano, nesta segunda-feira (19).

Leão, sentado em frente ao vice-presidente em sua mesa no Palácio Apostólico, sua residência oficial, pegou o documento e pareceu dizer que iria aos EUA “em algum momento”, de acordo com um vídeo divulgado pela Santa Sé.

O Vaticano não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o convite, mas não se espera que o papa visite os EUA em breve. Sua primeira viagem ao exterior provavelmente será para a Turquia -o país seria um dos próximos destinos do papa Francisco, morto em abril.

O antecessor de Leão, aliás, visitou os EUA em 2015, imediatamente após fazer uma viagem a Cuba. Na ocasião, o argentino visitou Washington, Nova York e Filadélfia e foi o primeiro papa a discursar em uma sessão conjunta do Congresso dos EUA.

Vance também entregou ao pontífice uma camisa do Chicago Bears, time de futebol americano da cidade onde o líder religioso nasceu, com a inscrição “papa Leão 14”.

Apesar do clima aparentemente amigável, Leão é um crítico da gestão Trump. Enquanto cardeal, o pontífice publicou várias mensagens nas quais desaprovava políticas do republicano em sua conta na rede social X, em especial as que se referem a migrantes.

No dia 3 de fevereiro, por exemplo, ele republicou um artigo de um veículo cristão que se opunha especificamente ao vice-presidente. “J. D. Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros”, lê-se na mensagem compartilhada pelo papa.

Mesmo com as discordâncias, o político, que se converteu ao catolicismo em 2019, afirmou no domingo (18) que os EUA estão “muito orgulhosos” do primeiro papa americano. O pontífice também tem nacionalidade peruana por ter morado no país latino-americano por anos.

O político foi recebido por Leão um dia depois de assistir à missa que marca oficialmente o início do papado dele. Segundo a Santa Sé, os dois discutiram colaboração entre Igreja e Estado, além de questões “relativas à vida eclesiástica e à liberdade religiosa”. Eles teriam falado ainda sobre guerra e direitos humanos.

“Houve uma troca de opiniões sobre vários assuntos internacionais atuais, na qual se pediu para respeitar a legislação humanitária e internacional em zonas de conflito e para encontrar uma solução negociada entre as partes envolvidas”, afirmou o Vaticano.

Em sua primeira audiência dominical na praça São Pedro, no dia 11 de abril, o pontífice mencionou os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, expressando profunda tristeza e pedindo esforços para alcançar uma paz justa e duradoura.

De acordo com um porta-voz de Vance, ele e o líder religioso se reuniram a sós antes de se juntarem ao secretário de Estado americano, Marco Rubio, que também é católico. Fotos divulgadas pelo Vaticano mostraram os políticos sorrindo em frente a Leão no Palácio Apostólico, a residência oficial do papa.

O papa Francisco, morto no dia 21 de abril, também era um vocal defensor dos migrantes e frequentemente criticava a gestão Trump. Ele chamou o plano do republicano de deportar milhões de pessoas de vergonha e repreendeu Vance por argumentar que a bíblia convoca os cristãos a priorizar o amor por suas famílias e compatriotas em vez de estrangeiros.

Após se encontrar com Leão, Vance reuniu-se, também nesta segunda, com funcionários da Secretaria de Estado do Vaticano, o principal escritório diplomático da Igreja. Um comunicado da Santa Sé descreveu essas conversas como “cordiais”.