SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os economistas consultados pelo BC (Banco Central) diminuíram as estimativas para a inflação (medida pelo IPCA) e dólar, enquanto aumentaram a do PIB. A projeção da taxa básica de juros (Selic), por outro lado, foi mantida, revela o boletim Focus desta segunda-feira (19).
O levantamento trouxe a quinta queda consecutiva na previsão do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que deve ter 5,5% ao fim deste ano na perspectiva dos analistas. A previsão para 2026 foi mantida, com projeção de chegar a 4,5% teto da meta perseguida pelo BC.
Na última terça-feira (13), em ata divulgada pelo Banco Central, o Copom (Comitê de Política Monetária) calculou o efeito inicial do novo consignado privado em suas projeções e alertou para o estímulo significativo da política fiscal sobre a economia nos últimos anos.
No documento, o colegiado afirmou que uma política fiscal que contribua para a redução do prêmio de risco (rentabilidade adicional cobrada pelos investidores no Brasil) e atue de forma contracíclica ou seja, que ajude a estabilizar a economia no atual período de expansão colabora para o trabalho do BC de levar a inflação à meta.
Ao todo, o colegiado do BC já realizou seis aumentos consecutivos da Selic, que acumula elevação de 4,25 pontos percentuais desde o início do ciclo, em setembro de 2024. A taxa básica está agora no mesmo nível observado entre julho e agosto de 2006, a 14,75%.
Na ata, o comitê mostrou mais confiança no processo de desaceleração da atividade econômica. Segundo ele, os juros elevados têm contribuído e seguirão ajudando a moderar o crescimento da economia.
No começo de maio, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA, desacelerou a 0,43% em abril, após marcar 0,56% em março. Em 12 meses, o IPCA passou a acumular alta de 5,53% até abril.
Com isso, o acumulado se distanciou do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O Boletim Focus também trouxe queda nas expectativas para o preço do dólar. A moeda americana deve atingir R$ 5,82 em 2025 e R$ 5,90 em 2026, segundo as projeções.
O índice tem acompanhado a guerra comercial gerada pelo governo de Donald Trump. Os EUA firmaram uma trégua de 90 dias com a China, após sucessivas escaladas tarifárias entre os países.
Segundo ele, os Estados Unidos reduzirão de 145% para 30% as tarifas adicionais sobre produtos chineses (10% de taxa básica, mais 20% relacionados ao tráfico da droga fentanil). A China, por sua vez, diminuirá as taxas sobre importações americanas para 10% (são 125% hoje). O país asiático também disse que irá suspender ou cancelar medidas não tarifárias tomadas contra os EUA.
Na última semana, o presidente republicano disse que vai definir novas taxas tarifárias para parceiros comerciais dos EUA “nas próximas duas a três semanas”. O país anunciou uma parceria recente com o Reino Unido.
As projeções para o PIB (Produto Interno Bruto), por outro lado, foram aumentadas. Após três semanas com projeções de chegar a 2% para 2025 e 1,7% para 2026, a previsão para este ano foi aumentada para 2,02%. Para 2026, a previsão se manteve.
A projeção da Selic foi mantida pela segunda semana consecutiva. A mediana das projeções para a Selic em 2025 é de 14,75%. Para 2026, a previsão é de que a taxa atinja 12,5% (é a 16ª semana com a projeção).
No começo de maio, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reuniu e elevou para 14,75% a Selic. A taxa básica de juros atingiu o maior nível em 20 anos, superando o patamar atingido durante a crise do governo de Dilma Rousseff (PT), que foi de 14,25%.
O Boletim Focus reúne previsões de uma centena de economistas e é divulgado semanalmente pelo Banco Central.