RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Integrantes da CACOB (Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil), Beatriz Mühlbauer, do rúgbi, Ketleyn Quadros, do judô, e Iris Sing, do taekwondo, aproveitaram uma recente passagem pelo Rio de Janeiro para participar de uma ação do COB que contava com uma visita ao barracão da Grande Rio, Escolas de Samba vice-campeã no Carnaval de 2025.
Para Beatriz, a Baby Futuro, ex-atleta de rúgbi sevens, o evento ganhou um tom nostálgico, principalmente no momento em que foi apresentado parte do processo de como são feitas as fantasias que dão o colorido na avenida. Ela é formada em artes cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
“Como eu fiz artes cênicas e indumentárias, cheguei a fazer projetos que tinham o Carnaval como tema. Como gosto muito de carnaval, me envolvi. Também fui atriz por muitos anos.Achei muito lindo, fiquei encantada. Estava super animada, né? (risos) Mas é muito por isso, porque é algo que bate no coração”, diz Beatriz Futuro à reportagem.
Bia lembrou também a escolha pelo caminho do esporte. “Quando eu fiz faculdade, já tinha o rúgbi em minha vida e pensei: ‘tenho dois caminhos a seguir, mas o rúgbi, uma hora, o corpo não vai aguentar. A arte vai estar comigo para sempre’. Sempre tive esse lado. No fim, estar em campo também não deixa de ser uma performance. Tem uma maneira de você entender isso artisticamente”.
Baby Futuro participou dos Jogos Olímpicos de 2016, além de três Mundiais. Ele foi bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2025 e é tri campeã brasileira de rúgbi sevens. Ela se aposentou dos campos em 2020 e, atualmente, trabalha junto ao COB e à gestão da modalidade.
Ela comentou ainda o momento de alta do rúgbi brasileiro. As Yaras, como a seleção feminina é conhecida, se garantiu no Circuito Mundial de Rúgbi Sevens na temporada 2025/26 e viu Thalia Costa ficar entre as melhores atletas do mundo.
“Chegamos a esse momento com muito suor, estamos há algum tempo batendo em muitas traves. Conquistamos muitas coisas inéditas esse ano, as meninas estão cada vez voando mais. Fomos entendendo como é que funciona o alto rendimento e como poderíamos começar a bater com esses times lá em cima. Os resultados começaram a sair e, agora, temos uma menina que está no ‘Dream Team’ [Time dos Sonhos, em tradução]. Estamos indo para uma Copa do Mundo de rúgbi XV pela primeira vez… Estamos vivendo um momento incrível no rúgbi brasileiro feminino.”
Os integrantes da CACOB são eleitos a cada quatro anos, no mês da realização dos Jogos Olímpicos, e tomam posse no ano seguinte. Cada participante, exceto presidente e vice-presidente, exerce o papel de interlocutor de uma ou mais modalidades.
O QUE MAIS ELA FALOU?
Primeira vez na Copa do Mundo. “A World Rugby [federação internacional da modalidade] manda consultores e estão sempre capacitando o pessoal. Estamos tentando usar essa oportunidade. Sempre que tem um projeto da World Rugby, queremos fazer, correr atrás, e esse nosso interesse brilha nos olhos deles. Eles querem que o esporte cresça, entendem que através da mulheres é um caminho e nós surfamos essa onda. Sabemos que vai ser uma Copa do Mundo muito difícil. Primeira vez que chegamos lá… Sabemos que o nível é muito alto, mas entendemos que estamos ocupando esse espaço, essa vaga da América do Sul. Somos, realmente, potência no continente. Vejo com muito bons olhos que temos feito. Um trabalho que está no caminho certo”.
Impacto nas novas gerações. “Acredito que vá impactar muito e estamos tentando aproveitar isso. Teve um fórum de lideranças femininas que a World Rugby nos ajudou a fazer também, e uma das coisas que eu perguntei para as mulheres foi: ‘como que podemos potencializar esse momento? Como podemos trazer as meninas para virem junto?’ .Acho que estar em uma Copa do Mundo tem um impacto, e queremos pensar em legado, pensar o que podemos tirar de melhor dessa Copa do Mundo”
E como está o desenvolvimento do rúgbi no Brasil. “nesta segunda-feira (19) eu trabalho no desenvolvimento do rúgbi nacional, o projeto Nina. Há três anos, pós-pandemia, vivíamos um momento de quase escassez total. Juntava dois Estados e não tinham 15 meninas para jogar. nesta segunda-feira (19) já tem mais de 550 meninas, e a cada anos mais. Fizemos um projeto agora que é o World Rugby, inclusive, introduziu o T1. Com a entrada do flag [football], entendeu-se que não dava para não termos uma modalidade sem contato. Fizemos um projeto de quatro meses a já tínhamos 70 meninas novas jogando rúgbi. Aproveitamos as oportunidades que temos para fazer o esporte crescer”.
Houve mudança de formato no Rugby Seves para a próxima temporada*. “Não tenho opinião formada ainda. Estamos em uma segunda divisão, jogamos com os time mais do nosso nível, mas conseguimos morder um sexto, um quinto lugar. Conseguimos chegar lá, ter um atleta dentro das três melhores, mostra que temos potencial, que podemos estar lá. Quando bate na trave e não consegue subir para o Top 8, há o risco de dar uma desanimada. O Sevens tem um dinamismo, acabam que os jogos ficam mais parelhos mesmo. Acho que a ideia é que você não tenha, por exemplo, uma Nova Zelândia jogando com um time mais fraco para ter um 60 a 0. Pensando em quem estar assistindo, pode se tornar mais interessante, mas, para quem estar jogando, pode ter esse efeito que citei. Porque você ser o melhor da segunda divisão você só vai ficar tentando se reafirmar, e você aprende muito jogando contra as melhores seleções. Mas ainda não tenho como listar prós e contras”.*A próxima temporada do Circuito Mundial de Rúgbi Sevens terá divisão em três competições: o SVNS 1, com as 8 melhores seleções do mundo (Nova Zelândia, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Japão e Fiji); o SVNS 2, com mais 6 seleções (Brasil, China, Espanha, Quênia e outras 2 seleções vindas do SVNS 3); e o SVNS 3 (com 8 seleções, a serem determinadas pelos campeonatos continentais de 2025). Com o encerramento das três competições, as oito seleções do SVNS 1 e as quatro melhores do SVNS 2 jogarão o novo Campeonato Mundial de Rúgbi Sevens, que envolverá 12 seleções, que jogarão 3 torneios em busca do título mundial.