SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O ambulante Emmanuel Apory, 26, teve uma das pernas amputadas após ser atingido por um disparo feito por um delegado da Polícia Civil de Pernambuco em Fernando de Noronha (PE).

Amputação em uma das pernas de Apory foi realizada no sábado (17). Anderson Flexa, advogado do ambulante, relatou que o procedimento foi concluído com a extração acima do joelho. “Emmanuel encontra-se na fase de recuperação pós-cirúrgica”, escreveu.

Procedimento foi necessário para preservar a vida do ambulante. Ao relatar a situação antes da amputação, Apory lamentou a situação. “Conseguiram o que queriam. Se não matam, aleijam”, disse.

“Talvez o meu erro foi querer ajudar”, afirmou Emmanuel Apory. O ambulante diz que o delegado tentou matá-lo e está ‘tranquilo’ em algum lugar. “Não podemos deixar como se fosse mais um caso para as estatísticas.”

“Sei que tentaram me matar. Não desejo nenhum mal, apenas quero que a justiça seja feita e tenho certeza de que a justiça pode tardar, mas a justiça de Deus não falha”, disse Emmanuel Apory, ambulante baleado por delegado.

Relembre o caso

Apory foi atingido por um delegado em festa no Forte dos Remédios. O disparo teria acontecido após uma discussão entre o delegado e o ambulante. Segundo testemunhas, Luiz Alberto Braga de Queiroz ficou incomodado após Apory ter, supostamente, olhado para a mulher que o acompanhava na festa.

Ambulante nega ter “dado em cima” da acompanhante de Queiroz. O relato é feito por Apory no mesmo vídeo em que comunica a necessidade de amputação. “Não dei em cima de ninguém, respeitei a todo momento. Por mais que demore, a verdade tarda, mas não falha”, afirmou.

Imagens mostram que o delegado aguardou por Apory no local. O ambulante foi então encurralado pelo delegado. Apory partiu para cima de Queiroz, que sacou a arma e atirou na perna da vítima. O delegado abandonou o local na sequência, enquanto o ambulante fugiu mancando.

Delegado foi ouvido pela polícia no Recife, mas não ficou detido. A Corregedoria instaurou um procedimento preliminar para investigar a conduta de Queiroz, informou a SDS (Secretaria de Defesa Social) de Pernambuco, em nota. A Adeppe (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco) se manifestou em defesa do agente.