BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) decidiu cancelar as exportações de ovos férteis e pintinhos de um dia para, pelo menos, cinco países parceiros do Brasil.

Conforme informações obtidas pela Folha, os produtos tinham como destino Venezuela, Rússia, Peru, Colômbia e Equador. Esses países estão entre os maiores compradores desses produtos do Brasil.

As suspensões da exportação ocorreram por precaução sanitária, após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.

Os cancelamentos foram comunicados oficialmente pelas unidades regionais do Mapa. Todas as exportações atingidas estavam com documentação regular, incluindo Certificados Zoossanitários Internacionais, autorizações sanitárias dos países importadores e atestados emitidos por médicos veterinários credenciados.

Apesar disso, o governo brasileiro optou por interromper unilateralmente os embarques, como medida preventiva, de acordo com os protocolos do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA).

A exportação de pintinhos de um dia e ovos férteis tem o objetivo de fornecer material genético avícola para produção de carne ou ovos em outros países. Em vez de exportar frangos ou ovos para consumo, o país exporta aves reprodutoras ou seus descendentes imediatos.

O Brasil é um dos principais exportadores globais de material genético avícola. Em 2024, o país exportou um total de 27.229 toneladas desses produtos, segundo informações da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

A maior parte das exportações -96,06% do total- foi composta por ovos férteis de galinha, somando 26.156 toneladas. O principal destino foi o México, que comprou 9.378 toneladas, seguido por Senegal (4.608 toneladas), Venezuela (3.884 toneladas), África do Sul (3.458 toneladas) e Paraguai (1.966 toneladas).

Já as exportações de pintos de um dia totalizaram 1.073 toneladas, representando 3,94% do total exportado no segmento. O Paraguai foi o principal comprador (668 toneladas), seguido por Bolívia (110 toneladas), Peru (81 toneladas), Equador (61 toneladas) e Venezuela (25 toneladas).

As exportações partiram, majoritariamente, de três estados: Santa Catarina (37,66%), São Paulo (36,81%) e Goiás (15,71%). Os principais pontos de saída foram os aeroportos internacionais de Guarulhos (SP) e Viracopos (Campinas), além de unidades alfandegárias em Foz do Iguaçu (PR) e Bonfim (RR).

O Mapa mantém ativas, até o momento, as exportações de frango e ovos para todos os países que adquirem esses produtos do Brasil. A paralisação das vendas só afetou, até agora, os acordos com China e países da União Europeia, que representam cerca de 15% das vendas desses produtos ao exterior. A Argentina também suspendeu, nesta sexta (16), as importações de produtos e subprodutos aviários do Brasil.

O ministério informou, por nota, que países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas, por exemplo, já aprovaram a regionalização do caso de gripe aviária identificado em Montenegro (RS). Isso significa que produtos de outras cidades gaúchas e regiões do país continuam a exportar normalmente.

“Para respeitar os acordos firmados com a China e a União Europeia, as exportações ficam restritas ao país todo”, declarou o Mapa, por meio de nota. “Portanto, não há restrição generalizada da exportação de produtos de aves do Rio Grande do Sul.”

O Mapa emitiu um alerta máximo aos auditores agropecuários que atuam em 20 municípios do Rio Grande do Sul localizados na região de Montenegro, onde foi confirmado o primeiro foco da gripe aviária no país.

Segundo informações obtidas pela Folha, a comunicação foi disparada pelo Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Mapa, por volta das 09h00 desta sexta-feira (16), aos auditores fiscais federais agropecuários de municípios gaúchos como Erechim, Serafina Corrêa, Miraguaí, Lajeado, Tapejara, Marau, Trindade do Sul, Farroupilha, Garibaldi, São Sebastião do Caí, Caxias do Sul, Westfália e Passo Fundo.

Um relatório produzido nesta semana pelo Ministério da Agricultura apontou que o atual modelo de criação de aves no Brasil é vulnerável a sérios problemas de saúde animal. O texto também destaca riscos sanitários e ambientais que podem facilitar o surgimento e a disseminação de doenças, como a gripe aviária.

A Folha teve acesso ao documento, que acaba de ser concluído pelo Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério. O relatório mostra que, atualmente, existe um vácuo legal provocado pela falta de uma norma nacional que aponte regras sobre o bem-estar de aves na produção, o que seria um campo fértil para a influenza aviária.