Walison Veríssimo
As articulações para uma possível aliança entre o PL e o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) ganharam força nos bastidores da política goiana. A informação foi confirmada pelo vereador e ex-deputado federal Vitor Hugo (PL), após reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília, nesta quarta-feira (15). Próximo ao ex-mandatário, Vitor Hugo afirmou que o ambiente político se tornou mais favorável a um entendimento entre as duas forças.
“Estamos avançando numa via de composição”, disse o vereador, ao apontar uma série de sinais que têm contribuído para o diálogo. Entre eles, o recuo do PL na ação que buscava tornar Caiado inelegível, declarações do vice-governador Daniel Vilela (MDB) e da primeira-dama Gracinha Caiado em tom de aproximação, além da fala recente do próprio governador, em que defendeu a anistia de Bolsonaro caso venha a disputar a Presidência da República.
Estratégia para 2026
A construção do acordo passa pela montagem da chapa para as eleições de 2026, tendo Daniel Vilela como pré-candidato ao governo. O entendimento em debate prevê que a vaga ao Senado na chapa governista seja ocupada por um nome ligado ao bolsonarismo. Vitor Hugo, que tenta se consolidar como essa escolha dentro do PL, articula seu nome como o representante desse campo ideológico.
Essa movimentação o coloca em rota de colisão com o deputado federal Gustavo Gayer (PL), que também deseja disputar o Senado. Outro nome que surge como obstáculo é o do senador Wilder Morais, atual presidente da legenda em Goiás, que tem planos eleitorais próprios e ainda não sinalizou apoio à aliança.
“Não depende apenas da anuência do presidente Bolsonaro. Também é preciso vencer as resistências dentro do partido”, avaliou Vitor Hugo, ao comentar sobre a necessidade de pacificação interna no PL para que o acordo avance.
Interesse mútuo
A aproximação tem sido considerada estratégica tanto para o grupo de Caiado quanto para a ala bolsonarista. De um lado, o governo estadual busca ampliar sua base de apoio e atrair o eleitorado conservador que, em Goiás, representa parcela significativa do cenário eleitoral. De outro, o PL trabalha para garantir um palanque competitivo no estado, com presença direta na chapa majoritária.
Nos bastidores, interlocutores do governador avaliam que incluir um nome bolsonarista na disputa ao Senado pode ser decisivo para neutralizar críticas e consolidar uma coalizão ampla, fortalecendo a candidatura de Daniel Vilela.
A formalização da aliança, no entanto, depende da superação de disputas internas e da construção de consensos que contemplem os diferentes interesses em jogo. Novas conversas estão previstas para as próximas semanas, com o objetivo de destravar o impasse sobre a vaga ao Senado.