SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar tinha alta ante o real nesta sexta-feira (16), com investidores de olho em novidades sobre as negociações comerciais dos Estados Unidos com parceiros, enquanto aguardam dados econômicos da maior economia do mundo.
Às 11h42 o dólar subia 0,35%, a R$ 5,699. As preocupações do mercado com o cenário fiscal após rumores de um possível aumento de gastos públicos levaram a moeda a fechar com alta de 0,83% na véspera, a R$ 5,679, e também seguiam impactando esta sessão.
No mesmo horário, a Bolsa brasileira tinha queda de 1,01%, a 137.903 pontos, depois de encerrar acima dos 139 mil pontos na véspera e atingir um novo recorde. As ações do Banco do Brasil cediam até 13% e puxavam o índice para baixo, após o banco divulgar uma queda de 20,7% nos lucros no 1º trimestre, para R$ 7,4 bilhões, abaixo do esperado.
O movimento das ações também tinha como pano de fundo a notícia de que o Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo, confirmou a primeira detecção do vírus de gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul. A notícia fez as ações de empresas do setor agropecuário brasileiro caírem durante o pregão.
Por volta das 11h, Boa Safra tinha baixa de 0,91%, Três Tentos caía 0,77%, BRF recuava 0,78%, enquanto BrasilAgro tinha queda de 0,42% e JBS apresentava a menor variação negativa, com recuo de 0,23%.
As atenções desta sessão se voltarão a novos dados econômicos dos EUA, com destaque para números de confiança do consumidor, às 11h, depois que dados fracos ao longo da semana para inflação e vendas no varejo aumentaram a expectativa por cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve.
No momento, os operadores precificam 56 pontos-base de afrouxamento pelo Fed até o fim do ano, com um corte de juros quase totalmente precificado para setembro.
Os investidores também seguem à espera de novidades sobre as negociações comerciais do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, com parceiros comerciais, depois que acordos fechados com Reino Unido e China deixaram os agentes mais otimistas no início da semana.
De forma geral, analistas temem que as tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em abril, em particular as taxas sobre a China, provoquem uma recessão global. Com isso, qualquer indício de acordos comerciais entre os EUA e seus parceiros tem trazido alívio aos mercados.
“Embora Trump tenha recuado no tema tarifário, receios permeiam ainda de como ficará a questão entre os EUA e a China nessa guerra comercial e quais serão os impactos econômicos globais que possam ser esperados”, disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Na cena doméstica, os investidores devem manter o foco no exterior, depois de terem retomado preocupações com o cenário fiscal brasileiro na véspera.
Desde quarta-feira (15), havia especulações na imprensa de que o governo poderia lançar medidas econômicas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma das propostas era reajustar o valor do Bolsa Família de R$ 600 para R$ 700 a partir de janeiro de 2026.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, chegou a dizer que não havia estudo e nem proposta nesse sentido.
Em meio ao estresse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou diminuir os ruídos na quinta, dizendo que o governo está preparando “medidas pontuais” para assegurar o cumprimento da meta fiscal, mas as declarações não foram suficientes para acalmar o mercado de câmbio na véspera.
O tema atrai a atenção de agentes do mercado porque um reajuste no Bolsa Família geraria impacto fiscal e elevação da dívida pública.
Segundo profissionais do mercado, os agentes preferiram se apegar aos ruídos que às falas de Haddad desmentindo os boatos. Os rumores seguiam impactando a sessão desta quinta.