A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltou a travar uma disputa jurídica para manter Ednaldo Rodrigues no comando da entidade. Desta vez, a CBF apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a anulação de uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) que afastou Ednaldo do cargo e nomeou Fernando Sarney como interventor.

O pedido foi direcionado ao ministro Gilmar Mendes, que já havia atuado no caso anteriormente e havia garantido a permanência provisória de Ednaldo na presidência. Porém, a nova reviravolta foi motivada por um ponto delicado: a suspeita de falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, ex-dirigente da CBF, em um acordo validado pelo próprio STF no início do ano.

Segundo a decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, do TJRJ, o acordo de 2023 que sustentava a permanência de Ednaldo deve ser considerado inválido, pois há indícios de que Coronel Nunes — que tem quadro de saúde mental comprometido — teve sua assinatura forjada. Esse acordo havia sido firmado entre a CBF, dirigentes e a Federação Mineira de Futebol, com o objetivo de encerrar disputas sobre a legitimidade da eleição de Ednaldo, após anos de disputas internas e denúncias sobre a eleição de 2017.

O magistrado, ao apontar “incapacidade mental” e possível fraude, declarou o acordo nulo e atendeu ao pedido de Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da confederação, para que assumisse o controle da entidade de forma temporária.

Esse impasse é o mais recente capítulo de uma longa guerra nos bastidores da CBF. Em 2022, a entidade firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público, o qual levou à eleição de Ednaldo. No entanto, a validade jurídica desse TAC foi contestada por ex-vice-presidentes que perderam influência após o acordo.

Em dezembro de 2023, o TJ-RJ julgou o TAC como ilegal e tentou tirar Ednaldo do cargo. Gilmar Mendes, na ocasião, concedeu liminar mantendo-o no posto. Agora, com a nova decisão da Justiça fluminense e o agravamento da crise institucional, a CBF tenta uma nova cartada no STF para preservar o atual comando.

A queda de braço promete continuar, com possíveis desdobramentos que vão além dos gramados — e que devem influenciar o futuro da gestão do futebol brasileiro às vésperas de um novo ciclo eleitoral.